Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
26 de Dezembro de 2008

O Natal é a "Festa dos Rapazes" no Nordeste Transmontano com o colorido e as brincadeiras dos "caretos" envolvendo toda a comunidade numa celebração ancestral em que convivem o sagrado e o profano. Já lhe chamaram em livro "O Inverno Mágico" protagonizado por diabólicas figuras escondidas atrás das máscaras, sem as quais não há Natal em aldeias como Varge, no distrito de Bragança (norte de Portugal).


Depois da noite passada em família, os rapazes mascarados tomam conta da aldeia durante dois dias, em 25 e 26 de Dezembro. Aos 82 anos, António Alberto Vaz já não consegue acompanhar os rapazes nas 'aventuras', mas ainda tem presente a magia destes rituais, que conseguem trazer para a rua no pico do gelado inverno toda a comunidade e cada vez mais forasteiros.
António continua fabricando as máscaras que outrora usou e que continuam a ser o principal adereço dos rapazes disfarçados ainda por baixo de fardas fatos feitas de cobertas estragadas ou de sacos de lona e enfeitados com farrapos.

Fazem-se acompanhar de utensílios agrícolas e à cinta carregam ruidosos cintos de chocalhos que tem como alvo predileto as garotas.

Durante muito tempo elas tiveram apenas direito às chocalhadas nesta festa onde começaram mais tarde a ser convidadas para comer e dançar.

António Torrão foi durante muitos dos seus 70 anos o cozinheiro da festa, era ele que confeccionava a vitela e o bacalhau com que os rapazes confortam o estômago entre as muitas brincadeiras.

A tradição está diferente, diz, agora pagam a um cozinheiro para fazer o trabalho e o dinheiro compra tudo que antigamente era feito exclusiva

mente pelos rapazes.
Desde a busca da lenha no monte, que era transportada num carro de bois, para fazer arder a fogueira em trono da qual se reúne o povo.
Eram também eles que ajustavam e preparavam a vitela e à mesa tinham lugar conforme o estatuto.

"Iam subindo de galão de ano para ano", contou à Lusa José Luís, lembrando um dos conceitos desta festa dos rapazes que marca a passagem dos jovens garotos para a idade adulta.
O evento começa depois da missa de Natal com as comédias ou "loas" em que os "caretos" relembram o quotidiano da aldeia, denunciado deslizes dos conterrâneos.
A crítica social é enfatizada com encenações em que os rapazes "vestem" a pele dos protagonistas, seja mulher, velho ou mesmo animal, e faz o delírio da assistência, que aplaude e ri, mesmo com o ressentimento dos visados, porque aqui impera a velha máxima: "ridendo castigat mores" (a rir se castiga os costumes). Segue-se a rodada de Boas-Festas ao som da gaita-de-foles, dos gritos e da chocalhada dos "caretos", depois da qual resta uma vara (pau) com vários ramos carregada de fumeiro, pão, frutos secos e outros produtos da terra.

Esta recolha é a contribuição para a ceia dos rapazes ou arrematada para angariar dinheiro para pagar a festa.
Mas também os rapazes não se livram de rigorosas punições, caso não cumpram 

o que manda a tradição e a mais penosa é para aqueles que não comparecem.
Os que não aparecerem na segunda rodada são retirados da cama para a rua e atirados ao rio ou obrigados a dar umas voltas pela geada, descalços e despidos, não se vislumbrando pior castigo, no rigoroso inverno transmontano.
Os mais velhos dizem que os rapazes de agora são menos disciplinados, talvez também porque são em menor número que antigamente, mas todos concordam que o importante é manter a tradição e, para que assim seja, até aceitam alguns desvios ao rigor de outros tempos.

 

Fonte: Lusa

 


Realiza-se em Janeiro a terceira edição do FAN – Festival de Ano Novo, um festival de música clássica na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Juntam-se neste evento, que se constitui também como um roteiro turístico, três objectivos fundamentais: proporcionar um acesso descontraído à música erudita, descentralizar geograficamente a oferta de espectáculos e dinamizar espaços de interesse histórico, arquitectónico e cultural.

Retomando parcerias com provas de sucesso, o FAN decorrerá durante todo o mês em Vila Real, Bragança e Chaves, numa co-produção estabelecida entre o Teatro de Vila Real, o Teatro Municipal de Bragança e a Associação Chaves Viva. Ao todo são 24 concertos, dos quais 10 se destinam ao público infanto-juvenil.

Neste âmbito, Bragança recebe o primeiro concerto de Ano Novo no dia 3 de Janeiro com a actuação dos Gala Lírica agendada para as 16h00. Os Gala Lírica são formados por cinco elementos (dois sopranos, um mezzo-soprano, um barítono, e piano) que protagonizarão um verdadeiro concerto de Ano Novo, com o relembrar de obras clássicas de Mozart, Verdi, Saint Saens, Puccini, Offenbach, Léhar ou Lloyd-Webber.

Já no dia 10 de Janeiro, António Salgado dirige a ópera “Amor de Perdição”, a partir do romance de Camilo Castelo Branco e com música de João Arroyo (1861-1930). Em palco estarão oito solistas, um coro com 26 elementos, 66 músicos e seis bailarinos. O espectáculo é no Teatro Municipal de Bragança às 21h30 e o preço do bilhete é de 10 euros.

António Victorino de Almeida é outro dos nomes que passará por Bragança acompanhado por João Lima no piano e os comentários de Miguel Leite. António Victorino de Almeida traz um concerto comentado que fará uma incursão pelas obras de José Vianna da Mota, Armando José Fernandes, Anton Webern, Sergei Prokofiev e Bela Bartók. O concerto é no dia 25 de Janeiro, às 16h00 e o preço do bilhete é de cinco euros.

No dia 28 de Janeiro, os mais novos serão brindados com “concertinhos” de Flávio Azevedo e João Tiago Magalhães (piano e violino). A entrada é gratuita mas está sujeita a marcação previa pois estes “concertinhos” são especialmente dirigidos ao 1º e 2º ciclo do Ensino Básico. A iniciativa decorre no dia 28 de Janeiro às 10h30 e às 15h00.

A fechar o Festival, Bragança recebe o Grupo de Percussão da Escola Profissional de Música de Espinho, no dia 31 de Janeiro, às 16h00. O preço do bilhete é de cinco euros.

Programação Teatro Municipal de Bragança

3 de Janeiro – Gala Lírica (16h00; 5€)

10 de Janeiro – “Amor de Perdição”, ópera dirigida  por António Salgado (21h30, 10€)

25 de Janeiro – António Victorino de Almeida, concerto comentado (16h00, 5€)

28 de Janeiro – “concertinhos”, entrada gratuita mediante marcação para 1º e 2º ciclo

31 de Janeiro -Grupo de Percussão da Escola Profissional de Música de Espinho (16h00, 5€)

 

 

publicado por Lacra às 07:00
últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
me llamo fedra soy de santa fe argentina tengo 9 ...
Carissimos,Eu não sei quem inseriu o comentário em...
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