Cerca de 50 pessoas da aldeia de Ligares, concelho de Freixo de Espada à Cinta, concentraram-se ontem, durante todo o dia, à porta do Tribunal de Torre de Moncorvo onde o homem que tentaram agredir no dia anterior e que é acusado de vários roubos naquela freguesia iria ser ouvido pelo juiz. O interrogatório foi, no entanto, adiado para esta manhã, o mesmo acontecendo à habitante da aldeia que também foi detida por agressão ao indivíduo.
A concentração junto ao tribunal começou a partir das 08.00, mas ao final da tarde muitos dos habitantes de Ligares mostravam-se frustrados, reclamando justiça. "As pessoas estão muito saturadas, pois trata-se de um indivíduo que sempre criou problemas e as autoridades pouco ou nada fizeram", afirmou ao DN João Pierre, habitante da aldeia.
O homem detido pela GNR na terça-feira, depois de quase ter sido linchado pela população, nasceu em Ligares. Oriundo de uma família pobre sempre viveu com dificuldades. Tem 25 anos, é casado, vive com a mulher e os três filhos e recebe um apoio da Segurança Social. Vai fazendo alguns serviços na agricultura para ir ganhando algum dinheiro. "Foi sempre ajudado pelos vizinhos, é pobre mas também sempre teve o vício de roubar", acrescenta o mesmo habitante da aldeia. Terá roubado coisas sem grande valor até que, há três meses, começou a assaltar casas e a levar objectos mais valiosos, nomeadamente ouro.
Anteontem, mais um assalto a uma residência da aldeia "fez transbordar o copo" e a população dirigiu--se em massa para casa do indivíduo, tentando arrombar a porta para fazer justiça pelas próprias mãos. Por várias vezes o assaltante tinha sido detido, mas ficou sempre em liberdade por decisão do tribunal. Só a intervenção da GNR, obrigada a pedir reforços, evitou o pior. Na ocasião uma das populares que se tinha deslocado ao local foi detida por agressão ao indivíduo. Em causa o elevado montante em peças de ouro que haviam sido roubadas de sua casa. O detido passou a noite na GNR de Vila Flor e será presente ao juiz, tal como a popular, esta manhã.