Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
01 de Outubro de 2008

"António Garcia Mendes, de 64 anos, esperou três horas que o médico de família em serviço no Centro de Saúde de Moura o fosse observar. A mulher implorou pela presença do clínico, alegando que o marido se sentia "muito mal" e que tinha passado uma noite "horrível". Morreu sem que tivesse sido accionado o INEM.

Garcia Mendes acordara de madrugada aflito, queixando-se de falta de ar. O casal reside em Santo Aleixo da Restauração, freguesia a 45 quilómetros de Moura e 111 quilómetros do hospital distrital de Beja.

O médico Francisco Rosa explicou que, na segunda-feira, quando chegou à residência do sexagenário, este se sentou na cama e "apresentava as mucosas descoloradas, tinha os membros inferiores inchados com edemas, revelava uma ligeira arritmia cardíaca e queixava-se de dificuldades em respirar". O clínico diz que não dispunha de condições para o medicar e que, perante o diagnóstico, decidiu que teria que ser transportado ao hospital de Beja.

Benta de Almeida perguntou-lhe se não "seria melhor chamar o INEM". O médico optou por chamar uma ambulância dos Bombeiros Voluntários de Moura, que chegou uma hora depois. Francisco Santos, comandante da corporação, confirmou o pedido, frisando que foi enviada uma ambulância de socorro, por não estar disponível uma viatura de transporte.

A equipa dos bombeiros que se deslocou a Santo Aleixo da Restauração recebera instruções para transportar o doente até Moura e aqui seria transferido para uma viatura de transporte.

Quando o doente foi instalado no interior da ambulância, "os bombeiros notaram que apresentava dificuldade em falar e transpirava muito". A meio caminho entre Santo Aleixo e Moura, a situação do doente agravou-se e a ambulância foi obrigada a parar para socorrer António Mendes, ao mesmo tempo que os bombeiros accionavam a viatura de Suporte Intermédio de Vida e a ambulância do INEM, ambas sediadas em Moura, e a Viatura Médica de Emergência e Reabilitação (VMER) de Beja. O doente morreu com paragem cárdio-respiratória, disse Francisco Santos.

"Foi no meio da estrada que ele se ficou, rodeado de todo o apoio que já não era preciso"."

 (retirado do jornal Público)

 

Foi em Beja, podia ter sido em Bragança ou numa qualquer outra localidade do interior transmontano porque aqui o Estado permite que se morra na estrada ou num baldio qualquer, sem assistência ou dignidade....

publicado por Lacra às 15:39
sinto-me:

Direitos reservados

O relatório final sobre as causas do acidente na linha ferroviária do Tua, ocorrido no dia 22 de Agosto, que causou um morto e 35 feridos, só vai ser conhecido dentro de um mês.

O prazo de trinta dias estipulado pelo Ministro das Obras públicas, Transporte e Comunicações à Comissão Técnica de Inquérito (CTI) já foi ultrapassado e agora, esta equipa, nomeada por Mário Lino, solicitou a prorrogação do prazo até dia 22 de Outubro, alegando que “os estudos especializados da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e de outras entidades ainda decorrem e que os mesmos são determinantes para apurar as causas do acidente”. Uma fundamentação aceite pelo Ministro.

Recorde-se que Mário Lino determinou que a CTI devia socorrer-se de todos os meios e apoios especializados, incluindo a intervenção especializada do departamento competente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), nomeadamente para a avaliação do estado da via férrea, de acordo com os padrões de segurança exigíveis, e a adequação do material circulante às condições físicas da via.

Uma das razões para esta demora terá a ver com o facto dos elementos daquela Faculdade só terem estado no local do acidente, em duas ocasiões - a última das quais na passada segunda-feira – para fazer o levantamento e efectuar alguns testes para averiguar as condições em que se encontra a via.

Recentemente, a empresa nacional responsável pela manutenção do material ferroviário (EMEF) garantiu, em comunicado, que as automotoras que circulam na Linha do Tua são das mais "fiáveis e seguras de toda a frota da CP”.

Recorde-se que o relatório preliminar CTI, entregue 48 horas após o acidente, não apurou causas para o acidente. As primeiras conclusões afastavam a existência de qualquer problema com a automotora e a linha e constava uma possível explicação para o acidente que podia estar na abertura de uma vala que a Refer fez junto à linha para a instalação de um cabo de fibra óptica

Outro obstáculo encontrado durante este inquérito é o problema legal relacionado com o disco que mede a velocidade da automotora. O disco foi recolhido logo a seguir ao acidente por elementos da GNR, sendo por isso desconhecida a velocidade a que circulava a composição acidentada.

Já numa perspectiva de algum optimismo, dentro de um mês a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) poderá vir a apresentar apenas um relatório preliminar sobre as conclusões das causas do acidente na linha ferroviária do Tua.

O deputado municipal independente, José António Ferreira, apresentou, na Assembleia Municipal de Mirandela uma proposta à Câmara Municipal para avaliar da relevância e da defesa dos interesses locais em submeter a referendo local a manutenção e exploração da Linha do Tua, “como matéria essencial para o nosso desenvolvimento local e defesa da população, na decisão do seus interesses colectivos”.

José Ferreira diz estar na altura dos cidadãos eleitores serem chamados a pronunciar-se sobre este assunto.

O executivo da câmara municipal de Mirandela está disponível a analisar a viabilidade jurídica para realizar o referendo sobre a linha do Tua.

Resta esperar para ver, mas já se sente no ar um prenúncio de morte....

 

publicado por Lacra às 10:34
sinto-me:
últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
Estou habituado na leitura de blogs on line, adoro...
me llamo fedra soy de santa fe argentina tengo 9 ...
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