Atravessando o centro da vila de Torre de Moncorvo em direcção à histórica rua de Vila Visconde Maior, encontramos, situada num prédio datado provavelmente do século XIX, a pequena tipografia Globo.
À entrada começa uma viagem pela história num local que “merecia ser musealizado”. Pelas paredes acumulam-se os cartazes de antigas festas que, no passado, mobilizavam centenas de pessoas do concelho, num tempo em que a desertificação ainda estava longe.
No meio do espaço as máquinas impressoras Heidelberg, datadas de meados do século XX, vão ganhando pó e sujidade, à custa do pouco trabalho que ali vai chegando. Aqui, os métodos de composição ainda são aqueles que deram nome à arte tipografia. Letra a letra, ou melhor, “tipo a tipo”, caracter a caracter, os dois tipógrafos, os únicos que mantêm a actividade de pé no concelho, vão dando forma aos pequenos e escassos trabalhos que ali ainda vão chegando.
A possibilidade de extinção desta pequena empresa familiar, que sobrevive à custa de muito empenho e investimento financeiro, motivou, junto do Projecto Arqueológico de Torre de Moncorvo (PARM), a realização de uma visita filmada, uma forma de deixar para a posteridade o testemunho de que ali trabalhou e viveu gente.
O cenário traçado por Nelson Campos, da associação PARM, é pouco optimista. Num concelho que tem pouco mais de 500 quilómetros quadrados e cerca de dez mil habitantes, na sua maioria idosos, o arqueólogo teme um cenário “tétrico”, no qual, daqui a 30 anos, não sobejem mais do que 50 pessoas para contar a história do que foi.
http://www.mensageironoticias.pt/noticia/313
Com a crise económica a tomar conta do país, não sei se o futuro desta tipografia não será idêntico ao de muitas "modernas" empresas: encerrar.