O livro “O Principezinho”, de Antoine Saint-Exupéry, está agora traduzido também em mirandês. A iniciativa foi de Ana Afonso, filha de pais mirandeses, depois de um desafio por parte do cônsul de França no Porto, Philippe Barbry.
“Philippe Barbry é o embaixador da obra “O Principezinho” por onde passa e, descobrindo a nossa língua mirandesa, lançou-me o convite que eu não pude recusar”, contou a autora.
O trabalho de tradução teve o apoio e a colaboração do professor mirandês Domingos Raposo e teve como base a obra na língua original, as diferentes versões em português e a versão em asturiano.
“Foi um trabalho muito pensado, as ideias e os sentimentos reflectidos na obra não podem ser traduzidos à letra, dão muito que fazer. Depois há vocábulos que não são típicos das terras de Miranda e que surgem na obra e que são muito difíceis de traduzir em mirandês”, explicou.
É que a língua mirandesa, a segunda língua oficial de Portugal, tem uma origem rural e tinha uma vocação mais oral do que escrita. Hoje em dia, no entanto, começam a surgir cada vez mais livros escritos em mirandês e a língua começa a estar cada vez mais presente na Internet, quer em blogs, quer já na wikipédia.
A tradução da obra mundialmente conhecida de Saint-Exupéry, traduzida já para mais de 160 línguas, vem dar ao mirandês uma outra “universalidade”.
“Cada vez mais se lê e escreve em mirandês, toda a gente quer que a língua viva e nós, filhos da terra, temos de defender o que é nosso. É o nosso património”, afirmou Ana Afonso.
“L Princepico” poderá ser também a versão mirandesa para as crianças estudarem já que a obra faz parte do Plano Nacional de Leitura. No entanto, para tal, será necessário encontrar uma editora disponível a publicar o livro em mirandês. Ana Afonso vai contar com o apoio da autarquia mirandesa e do cônsul francês para levar a cabo a publicação.
Philippe Barbry já se disponibilizou para ajudar na “missão” uma vez que tem conhecimentos junto da editora francesa Gallimard, que possui os direitos de publicação.
Da parte da autarquia, Anabela Torrão, vereador da cultura, diz que tudo será feito para que a obra possa ser publicada e divulgada.
“Temos peritos na língua mirandesa que irão analisar a obra e ver se foi respeitada a Convenção Ortográfica e estando tudo dentro dos termos legais será um orgulho para nós apostar nesta obra e divulgá-la”.