"Só a vitória do PSD nas legislativas pode salvar a Linha do Tua". É a convicção manifestada pelo presidente da empresa Metro Ligeiro de Mirandela (MLM), um ano após o último acidente naquela via-férrea.
Recorde-se que, no dia 22 de Agosto de 2008, um novo descarrilamento naquela linha provocou um morto (a quarta vítima em ano e meio) e levou o Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres a encerrar o troço entre o Tua e o Cachão, situação que ainda se mantém. José Silvano acredita que a decisão está tomada, mas ainda não foi anunciada "devido à proximidade das legislativas", afirma. Por isso mesmo, A decisão sobre o futuro da linha do Tua transitará para o novo Governo, a quem caberá decidir se é viável manter o último troço de ferrovia transmontana, perante as condicionantes impostas pela barragem de Foz Tua.
Para o também presidente do município de Mirandela, uma reviravolta no processo só pode acontecer com uma mudança política.
"Se vencer o PSD, nada me garante que a posição não venha a ser a mesma, mas como o discurso dos seus líderes é contra os grandes investimentos públicos, pode ser a réstea de esperança para a sobrevivência da linha", refere.
O autarca social-democrata revela que não existe qualquer desenvolvimento sobre o estudo de uma linha ferroviária alternativa à actual, sugerida, em Maio, pelo Ministério do Ambiente, quando emitiu uma Declaração de Impacto Ambiental favorável, mas condicionada à cota mínima de 170 metros, à construção da barragem de Foz Tua. Com a cota aprovada, o enchimento da albufeira irá inundar 16 dos cerca de 60 quilómetros da linha do Tua.
O Metro faz o transporte na linha do Tua, ao serviço da CP, recebendo, anualmente, uma compensação de 124, 500 euros, que cobre apenas cerca metade dos custos operacionais.
Há um ano que a circulação só é possível em cerca de 14 quilómetros, entre Mirandela e Cachão, com o resto do percurso a ser assegurado por táxis. Os prejuízos acumulam-se, o que leva José Silvano a referir que o serviço que está a ser prestado "obriga" a manter nove funcionários e três carruagens, que "não se justificam com a linha encerrada", acrescenta o autarca.
Entretanto, para assinalar um ano após o acidente, a COAGRET (Coordenadora de Afectados Pelas Grandes Barragens e Transvases) organiza, hoje, uma marcha rumo à estação de Brunheda e romagem simbólica ao local do acidente onde será colocada uma coroa de flores.
Fonte: Jornal de Notícias