Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
07 de Julho de 2009

 A Adega Cooperativa de Vila Flor entrou em ruptura financeira e está praticamente paralisada. As dívidas a fornecedores ultrapassam os dois milhões de euros e a actual direcção não tem conseguido recorrer à banca para enfrentar este problema.

Casimiro Fraga, actual presidente da Cooperativa, não tem dúvidas em apontar o dedo aos anteriores responsáveis por “má gestão”. Esta é a terceira vez que Casimiro Fraga assume responsabilidades de direcção na adega cooperativa. Depois de ter passado pela direcção entre 1980-1983 e 1993-2002, Casimiro Fraga reentrou em Agosto de 2007 e deparou-se com dívidas aos fornecedores, excesso de pessoal trabalhador e má qualidade no serviço aos clientes. A situação  tem levado à paralisia quase total da Adega Cooperativa, que ainda deve também duas vindimas aos produtores.

“Temos as portas fechadas por parte dos fornecedores, desde rolhas a químicos, rótulos, caixas.... estamos quase cem por cento parados, fomos forçados a isso”, contou o responsável.

Com esta paralisação forçada, a Cooperativa viu as vendas caírem a pique, saindo gorada a tentativa de negociar as dívidas anteriores com instituições bancárias. Casimiro Fraga contou que ainda tentou recorrer à banca mas, também devido à actual conjuntura económica, deparou-se com as portas fechadas.

“Não tínhamos vendas que nos permitissem superar dívidas de 20 mil euros por mês”, assumiu o dirigente.

Completamente estrangulados economicamente, a direcção teve de recorrer ao despedimento de pessoal trabalhador, reduzindo o número de funcionários de 14 para cinco.

“Honrando muito quem trabalha, é preciso admitir que a adega tinha trabalhadores em excesso e era insustentável manter tantas pessoas quando estamos paralisados”, apontou.

A direcção garante, no entanto, que não sairá mais nenhum trabalhador, até porque a vontade é que a adega volte a funcionar em condições.

As soluções estão a ser estudadas conjuntamente com a autarquia municipal, que se disponibilizou já para debater este assunto no âmbito da sétima edição da “Terra Flor”.

Artur Pimentel quer assim dar o contributo para ajudar a instituição a sair da crise em que se encontra.

“A Adega Cooperativa de Vila Flor é uma instituição cheia de tradições, produziu aqui grandes vinhos de consumo, com boas marcas e um grande mercado. A câmara não se podia colocar, de forma nenhuma, a leste destas situação porque o concelho não pode perder a Adega”.

O autarca aponta ainda que praticamente todas as adegas do Douro vivem problemas de vária ordem, não sendo a de Vila Flor excepção, e apela aos sócios para que acreditem na instituição e coloquem novamente o produto na cooperativa.

No entanto, Casimiro Fraga aponta que junto dos sócios não se consegue “nem um tostão”, isto porque os produtores ainda aguardam o pagamento de duas vindimas.

Neste Sábado, 18 de Julho, o problema será debatido no âmbito da feira “Terra Flor”, num colóquio destinado ao cooperativismo. Duas adegas da região demarcada do Douro estarão presentes a dar o seu testemunho, bem como o responsável pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.

Do debate espera-se que saia uma solução que permita à Adega Cooperativa retomar o funcionamento normal.

últ. comentários
obrigado Cris:)
Bem vinda :))
Helder Fráguas sofreu a perda da sua companheira, ...
Para mim e para muita gente a volta às adegas para...
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