A estrada nacional 308-3, que liga Bragança a Dine, num total de 27 quilómetros, vai ser repavimentada ainda este ano. O concurso público será lançado entre o dia 15 e 30 de Junho e prevê uma intervenção ao nível da correcção de algumas curvas, colocação de sinalética horizontal e vertical, e tratamento das águas pluviais, num total de dois milhões de euros. De fora, para já, fica a intervenção nas pontes e nos pontões porque obrigaria a um estudo mais pormenorizado que só estaria pronto, provavelmente, em Setembro. O anúncio foi feito pelo próprio Governador Civil de Bragança, Jorge Gomes, na Mofreita, concelho de Vinhais. Jorge Gomes quis assim “entregar o pescoço” publicamente, o seu e o do deputado socialista Mota Andrade, que não esteve presente devido a uma deslocação parlamentar. “Como bragançano que sou, conhecendo bem esta estrada, abracei o projecto pelas pessoas, porque acredito nas pessoas e porque acho que as pessoas merecem. Isto foi a única coisa que nos motivou”, declarou o Governador. A repavimentação da estrada nacional 308-3 entre Bragança e Dine era há muito reivindicada pelas populações locais. Perante a inércia do Governo e das autarquias em resolver o problema, chegou mesmo a ser criado um Movimento Cívico de Utentes que, unindo autarcas das freguesias servidas pela estrada e populações locais, chegou mesmo a ameaçar boicotar as eleições europeias caso nada fosse concretizado. Depois de uma reunião com o Governo Civil, foram logo iniciados contactos com o Governo e com as Estradas de Portugal no sentido de encontrar uma solução, agora anunciada por Jorge Gomes. Segundo o governador, a estrada já podia ter sido repavimentada há muito tempo, no entanto, “ninguém o quis fazer”. “Quando as estradas são entregues às autarquias, são repavimentadas. Mas nunca nenhuma autarquia a quis assumir”, explicou. Agora, a via foi completamente desclassificada e, após as obras de repavimentação, terá de ser pedida uma nova classificação que permita depois, às Estradas de Portugal, assegurar a sua manutenção. Surpreendido com a rapidez com que o problema foi tratado ficou o representante do Movimento Cívico de Utentes, Carlos Fernandes. Sem querer comentar quais os motivos que terão estado por detrás desta decisão, Carlos Fernandes limitou-se a ironizar que “o Pai Natal é só em Dezembro” e que antes de Dezembro “acontecem outras coisas...”. Uma ironia que Jorge Gomes não deixou passar em branco: “não sou candidato a deputado e também não vou para nenhum Ministério. Para ser governador não preciso de votos porque este é um cargo de nomeação. Estou a dar esta novidade num concelho onde nunca serei candidato”. Ainda assim, Carlos Fernandes promete que “a luta não termina aqui” e que, enquanto não começarem as obras na estrada, os placares de protesto colocados ao longo do trajecto não serão retirados. “Como católico que sou dou o exemplo de São Tomé: ver para crer. Quando as obras iniciarem, retiro os placares”, afirmou. Para já fica anulado o boicote às Eleições Europeias, que se realizam a 7 de Junho mas, se os prazos anunciados não forem cumpridos, Carlos Fernandes garante que haverá reacções.