O Governo quer continuar a apostar nas unidades de cuidados continuados como forma de dar resposta a uma população cada vez mais envelhecida e com necessidade de cuidados de saúde pós-hospitalares.
No distrito de Bragança já há uma rede com cerca de cem camas, um número ainda insuficiente e que deverá crescer até ao final do ano com a inauguração de mais equipamentos do género no distrito.
Na semana passada, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, visitou a unidade de cuidados continuados de Miranda do Douro, de Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo e Vila Flor, localidades onde estes equipamentos já estão em funcionamento. Em Miranda do Douro a unidade abriu em Dezembro do ano passado, com 21 camas e, desde então, tem estado sempre lotada.
No entender do autarca mirandês, Manuel Rodrigo, o equipamento não tem as camas que seriam necessárias para dar resposta às necessidades da população, no entanto, considera que “já é melhor que nada”.
Por seu lado, Francisco Ramos justifica que estas unidades são de dimensão limitada e que o Governo ainda está “longe” de ter “todas as necessidades satisfeitas”. Ainda assim, a nível da região Norte, em três anos, foram criadas mais de mil camas e atendidas perto de 30 mil pessoas.
As unidades de cuidados continuados visam dar resposta aos doentes que, após internamento hospitalar ainda não estão em condições de ficar sozinhos em casa mas cujo internamento deixa de ser justificável. É um serviço que, no entender do secretário de Estado, “ajuda à mobilidade, autonomia e até independência das pessoas”.
Durante a visita à unidade de Miranda do Douro, o Mensageiro ouviu alguns idosos que testemunharam a importância destes equipamentos na recuperação da mobilidade. Exemplo disso mesmo é o caso de Florentina Gonçalves, com 85 anos, natural de uma aldeia do concelho, Atenor, a utente contou que desde que está nos cuidados continuados a fazer fisioterapia já conseguiu subir e descer novamente as escadas.
“De outra forma estaria sozinha em casa. aqui já me ajudaram e consegui subir e descer as escadas duas vezes”, contou satisfeita.
As unidades de cuidados continuados têm sido resultado de um trabalho conjunto entre o Ministério da Saúde e a Segurança Social, autarquias e Santas Casas da Misericórdia.
A par dos cuidados continuados, o Governo está também a apostar na criação de equipas de apoio domiciliário.
Respostas para cidadãos com deficiência ainda são escassas
O distrito de Bragança continua a apresentar carências ao nível da criação de lares para pessoas com deficiência. A constatação foi feita pela directora da Segurança Social, Teresa Barreira, à margem da visita do secretário de Estado a Miranda do Douro.
Segundo a responsável, nesta fase têm-se sido várias as entidades a apresentar candidaturas para a construção de lares de idosos e ampliação/remodelação de outros já existentes. A aprovação irá depender do cumprimento dos critérios, um dos quais diz respeito ao índice de compósito do distrito, ou seja, ao número de lares existentes por cidadãos com mais de 75 anos.
Só no concelho de Miranda do Douro existem, pelo menos, duas candidaturas: uma para a construção de um lar em Malhadas e outra para a ampliação do lar de Picote. Teresa Barreira diz estar “expectante” com o resultado das candidaturas mas avisa que o distrito de Bragança tem um índice de compósito bastante elevado. Ou seja, apesar do distrito ser um dos que apresenta elevados índices de envelhecimento, é também um dos que tem melhor cobertura ao nível de infra-estruturas para idosos.
A grande necessidade é mesmo ao nível dos equipamentos vocacionados para cidadãos com deficiências, área em que poucas instituições têm apostado.