Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
23 de Dezembro de 2010

O doentes com problemas reumáticos já podem consultar um especialista da área no hospital de Bragança. O conselho de administração do Centro Hospitalar contratou um especialista em Reumatologia, em regime de contratualização de serviços, que, duas vezes por semana, realiza consultas no serviço de Consulta Externa de Bragança.

Para já, com pouco mais de um mês de trabalho, têm sido poucos os casos atendidos pelo especialista Rui Melo, mas a perspectiva é que, num ano, sejam realizadas 1200 consultas, sobretudo tendo em conta que as doenças reumáticas são a terceira maior causa de procura dos serviços de saúde, em todo o mundo.

Até ao momento, Rui Melo diz que os casos que lhe têm chegado são, maioritariamente, relacionados com patologias  inflamatórias e artrites reumatóides, não só em pessoas com idade acima dos 60 anos, mas também em pessoas jovens.

“Quando cheguei, pensei que iria ter mais doentes com doença degenerativa osteoartrose e osteoporose, mas não”, contou.

Estas doenças quando não são bem diagnosticadas, podem levar à dor crónica e à perda de qualidade de vida, com repercussões a nível laboral, social e até familiar. O que acontecia até ao momento, no distrito de Bragança, é que estes doentes não estavam a ser bem diagnosticados ou, muitas vezes, tinham de recorrer a tratamentos em hospitais distantes, nomeadamente no Grande Porto e no Alto Minho.

“A Medicina Geral e Familiar está apta a fazer este tipo de diagnóstico, muitas vezes fazem o diagnóstico, mas os doentes tinham de recorrer a hospitais muito distantes”, explicou.

O objectivo destas consultas é, sobretudo, “apoiar a população idosa, nomeadamente na osteoporose não diagnosticada”, apostando no tratamento que permita evitar a evolução da doença.

“Há tratamentos que são caros, embora comparticipados pelo Sistema Nacional de Saúde, por isso, o objectivo é diagnosticar o mais rapidamente possível”.

Os doentes podem chegar ao especialista de Reumatologia referenciados pelo médico de família ou marcando a consulta directamente no hospital, nas Consultas Externas.

Esta nova contratação vai permitir que o Centro Hospitalar do Nordeste cumpra o Plano de Referenciação Nacional para a implementação de unidades de reumatologia. Recorde-se que, em todo o país existem apenas 130 médicos especialistas em Reumatologia, quando a Organização Mundial de Saúde recomenda um rácio de um reumatologista para 40 mil habitantes.

Ao longo das consultas está prevista a aplicação de um questionário relativo à qualidade de vida que permitirá quantificar a evolução dos doentes reumáticos após iniciarem um tratamento, conforme explicou Rui Melo.

“Estes questionários vão avaliar a redução do consumo de fármacos e custos associados, os índices de absentismo laboral ligados a patologias do foro da reumatologia e os custos/benefícios associados ao acompanhamento em consulta diferenciada. Ou seja, o próprio Centro Hospitalar vai poder verificar se valeu, ou não, a pena investir nesta especialidade”.

O médico, ainda assim, considera que, em Bragança, não se justifica ter um médico desta especialidade a tempo inteiro, uma vez que são realizadas apenas consultas.

“Teria que ter um número imenso de doentes para justificar um médico a 40 horas e o vencimento que aufere ao final do mês”, apontou, considerando “um desperdício de tempo e de recursos financeiros”.

Rui Melo entende mesmo que a melhor aposta é aquela que o Centro Hospitalar fez, contratando o especialista para determinado número de consultas, rentabilizando um número  maior de doentes e pagando bem menos do que se tivesse um especialista a tempo inteiro.

As consultas de Reumatologia funcionam às quintas e sextas-feiras e podem ser marcadas através do médico de família ou nas Consultas Externas. Esta é uma especialidade que funcionará em articulação com o Serviço de Ortopedia, sempre que haja a necessidade de cirurgia. 

22 de Dezembro de 2010

O Hospital de Bragança vai ser alvo de obras. O conselho de administração do Centro Hospitalar tem um projecto para a requalificação do 4º andar da unidade hospitalar de Bragança e para o bloco cirúrgico.

O objectivo é transformar o 4º andar da unidade hospitalar de Bragança numa área de agudos de Medicina. Henrique Capelas, presidente do conselho de administração, explica que a área da Medicina é “um peso-pesado”, sobretudo na região, onde há um peso muito significativo de população envelhecida, e, por isso, há a necessidade de colocar no bloco central um atendimento mais especializado dentro da área da Medicina.

“Como sabem, a Medicina funciona num bloco à parte e faria todo o sentido termos no 4º andar do bloco central, uma área voltada para os doentes mais agudos. Funcionaria como uma medicina de maior intensivismo em que os doentes agudos estariam mais próximos do bloco cirúrgico ou da urgência”, explicou.

Outro dos objectivos é requalificar o bloco cirúrgico, ampliando-o e melhorando-o. No entanto, ainda não há um prazo para que estas obras se iniciem.

“Estas obras vão ser feitas quando pudermos”, apontou Henrique Capelas, notando que “os tempos não estão fáceis”. Ainda assim, o presidente dá a garantia que, mais cedo ou mais tarde, estas serão obras que se impõem.

“Quase que poderia dizer que vamos avançar com essas obras, temos de as fazer”, apontou.

Ao todo, este é um investimento que deve rondar os três milhões de euros, mas ainda não há financiamento que permita avançar com estes trabalhos. 

29 de Setembro de 2010

Do lote de empresas do Estado, os hospitais EPE são os piores pagadores. Na região de Bragança, o Centro Hospitalar do Nordeste é mesmo o pior, demorando mais de um ano a liquidar as dívidas junto dos credores. Os dados são da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças para o segundo trimestre deste ano.

O Centro Hospitalar do Nordeste demora mais um de ano a liquidar as dívidas junto dos credores, sendo que o prazo médio de pagamento subiu de 318 dias, nos primeiros três meses do ano, para 393 dias no segundo trimestre.

 

Fonte: Correio da Manhã

22 de Julho de 2010

 

António Ferrão é professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e chegou ao Centro Hospitalar do Nordeste Transmontano há cerca de um ano para assumir a direcção do Serviço de Cirurgia.

Em entrevista, o médico cirurgião explicou as reestruturações que têm sido introduzidas e o seu porquê, apontando que não vale a pena ter serviços que não servem a população e que são apenas “fachada”

 

Podia começar por nos explicar que alterações é que foram feitas ao serviço de urgência médico-cirúrgica e o porquê?

 

António Ferrão: As alterações que foram feitas ocorrem porque os médicos estão de férias, mas os doentes de foro cirúrgico continuam a ser operados em Mirandela. Durante 24 horas por dia, todos os dias, a unidade tem um cirurgião de permanência na urgência como tinha até aqui. A única coisa que aconteceu é que no período das 14h00 às 24h00, em que havia a possibilidade de chamar um médico, (e diga-se, em abono da verdade, que isto só é possível se o médico aceitar, o que é grave pois temos de contar com as pessoas e não com boa-vontade), mas só nesse período e por falta de médicos, se houver necessidade da tal cirurgia emergente é que são transferidos para Bragança. No restante horário os utentes continuam a ser tratados em Mirandela. Isto não traz nenhum inconveniente para o doente.

 

Mas o presidente da câmara de Mirandela reclama que em causa está o conceito de urgência médico-cirúrgica. Diz mesmo que o que está a funcionar em Mirandela é uma urgência básica à qual faltam as especialidades que uma urgência médico-cirúrgica tem.

 

A. F.: Mas nunca teve! Por exemplo, um doente quando é operado, precisa de outras coisas que esse hospital tem de ter. Pode ter blocos operatórios, cirurgiões mas se faltar o resto, como ter uma equipa de enfermagem permanente, ter monitorização a tempo inteiro, unidades de cuidado intermédio ou de cuidado intensivo... e Mirandela não tem, nem nunca teve.

É uma visão utópica porque nem a unidade hospitalar de Bragança tem.

Por isso é que eu acho que é muito mau estarmos a dividir tão pouco, tão pouca gente por tantas capelas. Nenhuma ficará bem servida, é uma fachada. Os doentes só são bem tratados nos locais onde puderem ser tratados. Não é por ter uma urgência aberta, porque uma urgência aberta sem nada lá dentro...

 

“desde que estou cá, há um ano e meio, urgência e emergências, na Cirurgia, ainda não tivemos nenhumas. A probabilidade disso acontecer é muito baixa e ninguém pode pensar que pode estar numa equipa, a ganhar fortunas, para salvar uma vida por ano”

 

E podem ser bem tratados no Centro Hospitalar do Nordeste?

A. F.: Não tenho dúvida nenhuma. Não tenho eu, nem tem nenhum médico. Mas já por causa desta confusão política, tratei de pedir inspecções às pessoas competentes para darem pareceres porque o senhor presidente da câmara de Mirandela pode perceber de outros assuntos, mas de saúde não sabe rigorosamente nada.

 

Então acha que isto é tudo uma questão política?

A. F.: Sim, exactamente, não tem nexo nenhum. Posso dizer que o helicóptero do INEM é que é a verdadeira urgência de todo o distrito porque pode ir a Mirandela, a Carrazeda de Ansiães, a Miranda do Douro e rapidamente evacuar o doente para o sítio certo, que pode nem ser Bragança. Ter equipas de INEM nas unidades todas e um helicóptero é que é importante, dá segurança e salva muitas mais vidas do que qualquer urgência aberta.

 

Mas como explica que todo este problema se tenha levantado?

A. F.: O Centro Hospitalar do Nordeste tem falta de médicos e não é só por causa da urgência, é por tudo.  Este distrito tem obrigação de ter um conjunto de médicos para as várias especialidades que existem, mas não temos e não temos por causa dessas políticas que até agora vigoraram e que eram as políticas da minha capelinha, do meu hospital. Nenhum médico está para vir para um hospital concelhio, acha que alguém tem essa vocação? Os médicos são profissionais de saúde que querem trabalhar e ganhar dinheiro, mas em boas condições, porque o dinheiro não é tudo. Os médicos querem ter acesso à qualidade de trabalho e isso só se faz juntando as pessoas numa estrutura única.

 

“ os médicos devem ganhar dinheiro, não sou contra isso, só que devemos ganhar dinheiro à custa do nosso trabalho, não à custa de usurpar os lugares dos outros para ficarmos com tudo para nós”


Está a dizer, então, que estes problemas que se têm levantado publicamente, nasceram internamente?

A. F.: Muitas pessoas estavam aqui apenas para ganhar dinheiro. Eu acho que os médicos devem ganhar dinheiro, não sou contra isso, só que devemos ganhar dinheiro à custa do nosso trabalho, não à custa de usurpar os lugares dos outros para ficarmos com tudo para nós. Tive dificuldade em fazer algumas reformas porque tive de mexer no bolso das pessoas.

 

Mas isso esteve relacionado com a questão da urgência de Mirandela?

A. F.: Não. A questão de Mirandela está relacionada com o facto dos médicos estarem de férias. Agora, também lhe digo, desde que estou cá, há um ano e meio, urgência e emergências, na Cirurgia, ainda não tivemos nenhumas. A probabilidade disso acontecer é muito baixa e ninguém pode pensar que pode estar numa equipa, a ganhar fortunas, para salvar uma vida por ano. A saúde pública custa dinheiro a todos. Alguém está permanentemente a trabalhar num hospital, 24 horas por dia, à espera da hipótese remota de acontecer um sinistrado por ano? É ridículo.

 

“Havia médicos que ocupavam um lugar quase absoluto em relação aos colegas, isso não pode ser, somos todos iguais. Isso foi um trabalho árduo, foi o mais difícil”

 

Então e que reformas é que introduziu?

 

A. F.: Foram muitas, mas sobretudo por as pessoas a trabalhar em equipa, trazer os cirurgiões de Bragança para Mirandela e de Mirandela para Bragança, deixar as coutadas, distribuir o trabalho por todos. Havia médicos que ocupavam um lugar quase absoluto em relação aos colegas, isso não pode ser, somos todos iguais. Isso foi um trabalho árduo, foi o mais difícil.

 

Mas esses problemas de relacionamento devem-se a quê, em concreto?

A. F.: A dificuldade de relacionamento tem a ver com a rivalidade, com as capelinhas. Entre Mirandela e Bragança, em Macedo não temos esse problema, a rivalidade entre as pessoas e as populações, chocou-me. Pior que um Porto - Benfica em final de campeonato. É incrível como as pessoas se conseguem quase odiar, é muito difícil trabalhar assim.

 

“hoje vivemos numa espécie de paz aparente porque há instigações a todo o instante de pessoas que ainda querem deitar areia na camioneta, para ver se tudo volta atrás, em prejuízo do doente, mas em benefício pessoal”

 

Sentiu isso quando, há cerca de ano e meio, chegou ao Centro Hospitalar do Nordeste?

 

A. F.: E de que maneira! Não estou habituado a isso. Mesmo hoje vivemos numa espécie de paz aparente porque há instigações a todo o instante de pessoas que ainda querem deitar areia na camioneta, para ver se tudo volta atrás, em prejuízo do doente, mas em benefício pessoal.

 

Então foi mais difícil organizar as pessoas e pô-las a trabalhar em equipa do que organizar a estrutura hospital ?

 

A. F.: Sim, o mais fácil foi organizar a estrutura hospitalar porque o que estou a fazer não é nenhuma invenção, é o que se pratica na quase totalidade dos hospitais: é gerir pessoas, por as pessoas a trabalhar em equipas, organizar serviços, protocolos, todos os procedimentos serem universais.

 

"Aumentar o número de cirurgiões é fundamental, mas é preciso ir mudando mentalidades para que as pessoas não cheguem cá e não julguem que estão a mais, para que não sejam “corridos” pelos colegas, por assim dizer"

 

E o serviço ainda não funcionava assim, com procedimentos idênticos aos de outros hospitais?

A. F.: Não, era uma coisa notável. Uma pessoa deste distrito, para fazer uma biópsia da tiróide, tinha que ir ao Porto. Isto é que acontecia é que era mau e só se consegue resolver trazendo as pessoas para cá e ensinando-as. Mas foi difícil com o tipo de gestão que havia, quase uma gestão individual, muito caseirista.

 

E hoje em dia, acha que se pode comparar o Centro Hospitalar aos dos grandes centros situados no Porto ou em Lisboa?

A. F.: No que diz respeito ao Serviço de Cirurgia nós só não fazemos cirurgias que necessitem de cuidados intensivos porque não temos Unidade de Cuidados Intensivos, embora tenhamos médicos intensivistas. Também nunca faremos cirurgias que obriguem a um grande número de doentes por ano para se manter a tecnologia apurada, nomeadamente, a grande cirurgia hepática, isso não faremos nunca. Todos os outros tipos de cirurgia podem ser feitos aqui.

 

"temos que dar um passo fundamental: informar os de fora que aqui se fazem coisas boas e informar os de dentro que é preciso deixar vir os de fora"


E que balanço faz deste ano e meio de trabalho?

A. F.: Ainda temos muito para fazer. Fizemos a estrutura e temos que a organizar, nomeadamente em relação a Mirandela, onde a cirurgia de ambulatório ainda está no início da sua implementação. Falta limar arestas, corrigir erros, modificar procedimentos que estejam errados. Toda a formação em exercício é fundamental e não pode parar.

 

Vão tentar trazer mais médicos para o Centro Hospitalar?

A. F.: Sim, sim. Aumentar o número de cirurgiões é fundamental, mas é preciso ir mudando mentalidades para que as pessoas não cheguem cá e não julguem que estão a mais, para que não sejam “corridos” pelos colegas, por assim dizer.

 

Então nem sempre a falta de médicos está relacionada com o pagamento de um maior salário?

A. F.: Não é pelo ambiente, nem pelo dinheiro. É nitidamente porque temos que dar um passo fundamental: informar os de fora que aqui se fazem coisas boas e informar os de dentro que é preciso deixar vir os de fora. Não é fácil, não é nada fácil. É muito difícil uma pessoa chegar de fora e encaixar-se. Recebem-nos muito bem mas não passam daí.

 

Mas o sistema que está implementado em si, internamente, também é difícil de mudar.

A. F.: Espero que o Serviço de Cirurgia seja um exemplo para o resto do Centro Hospitalar para que, por todos, consigamos ultrapassar este estigma que é uma das coisas que mais impede as pessoas de virem para cá. Neste momento há médicos que já querem vir para cá porque as coisas se começam a modificar.

13 de Julho de 2010

O conselho de administração do Centro Hospitalar de Bragança acusa o presidente da câmara de Mirandela, José Silvano, de estar a criar “alarmismo” e “insegurança” junto das populações com as intervenções que tem tido devido à redução do horário de funcionamento da especialidade de cirurgia geral na urgência médico-cirúrgica.

É que o Centro Hospitalar do Nordeste decidiu que, entre as 14h00 e as 24h00,  os casos urgentes de Mirandela que necessitem de ser submetidos a intervenções cirúrgicas terão de ser transferidos obrigatoriamente para Bragança. Na opinião de José Silvano isto faz com que a urgência médico-cirúrgica não funcione  porque não estão asseguradas todas as especialidades. Mas o conselho de administração do Centro Hospitalar reitera que não houve qualquer perda de capacidade nem de competência, frisando que “não há qualquer hipótese de encerramento” daquela urgência.

Na semana passada, José Silvano chegou mesmo a entregar em tribunal uma acção contra o Estado por alegado incumprimento do protocolo celebrado há três anos em que era assegurado que a urgência médico-cirúrgica se manteria em funcionamento.

No entanto, segundo António Ferrão, director do serviço de cirurgia do Centro Hospitalar, desde que a medida está em vigor foram transferidos de Mirandela para Bragança apenas três doentes, o que dá uma média de 0.16 por cento por dia. O responsável considera mesmo que num outro país, como a Suíça, seria “pouco provável que a urgência estivesse aberta” pois mais importante que ter um serviço aberto, é ter equipas de pré-emergência.

“O nosso país é muito pequeno e o nosso relativismo faz com que se gaste mais dinheiro”, apontou.

António Ferrão aponta que o distrito de Bragança, neste momento, tem uma rede pré-hospitalar de “luxo”, com duas Viaturas de Emergência Médica Rápida (VMER’s), um helicóptero do INEM e três ambulâncias SIV, notando que a distância quilométrica não corresponde à “distância de tratamento”.

“Um doente de Miranda do Douro chega mais rápido a Bragança, apesar da centena de quilómetros que o separa, do que um na Areosa, no Porto, chega ao São João, mesmo estando a poucos quilómetros do hospital”, apontou, lembrando que, no Porto, “a ambulância do INEM pode apitar as vezes que quiser, mas ainda não levanta voo e mesmo que houvesse helicóptero tinha de ir aterrar a Pedras Rubras e daí o doente teria que ser transportado em ambulância”.

O médico e responsável do serviço considera que na reorganização do sistema de saúde pública se deu demasiado protagonismo aos autarcas, frisando que ter direito a algo, não significa ter qualidade, como exemplificou.

“Imagine que um homem cai em Mirandela, faz um traumatismo craniano e parte uma perna. A ambulância tem de o levar à urgência local porque foi em Mirandela; daí é transferido para Bragança para tratar a perna e depois vai para o Porto para tratar o traumatismo craniano. Isto é prestar um serviço de qualidade? Eu não acho”.

Com um quadro de apenas 12 médicos e estando um terço legalmente de férias, para assegurar a urgência médico-cirúrgica nas unidades de Bragança e Mirandela o conselho de administração reuniu com os profissionais e aprovou um plano de escalas que “aumentou a carga horária ao máximo”.

“O plano foi aprovado numa reunião com os profissionais e muitos deles estão a fazer um sacrifício pessoal monstruoso para assegurar a urgência”, contou António Ferrão.

O director do serviço reitera, por isso, a segurança de todos os doentes transferidos e garante que “ainda não houve um doente em perigo, nem vai haver”.

21 de Abril de 2010

A técnica não é recente mas só agora começa a ser implementada no Centro Hospitalar do Nordeste para tratar os doentes com fístulas perianais (hemorróides). Chama-se técnica de “Longo” e permite ao doente a recuperação imediata, após o recobro anestésico, sem que haja dor, quer durante quer após a intervenção cirúrgica.

As primeiras intervenções com recurso a esta técnica começaram a ser aplicadas, na semana passada, com a ajuda do médico Pedro Correia da Silva, especialista em Coloproctologia do Hospital de São João, no Porto, e transmitidas, através de videoconferência, à equipa de cirurgiões locais.

O que é feito, com esta técnica, é um levantamento de toda a mucosa de forma a que as hemorróides voltem ao “local onde deviam sempre estar”, conforme explicou António Ferrão, director do Departamento de Cirurgia.

“Fazemos uma elevação da mucosa de maneira a que todo aquele complexo sistema de veias a que chamamos hemorróides voltem ao sítio”, apontou.

Outra das vantagens apontadas a esta técnica é o facto de ser aplicada numa parte do intestino onde não há sensibilidade dolorosa, onde não há terminações nervosas. Após a operação não há qualquer tipo de dor nem cicatrizes e a recuperação só não é imediata porque há recurso à anestesia geral.

“Com esta técnica os doentes até se esquecem que são operados. Só fazemos com anestesia geral porque precisamos que o doente esteja muito relaxado mas, após o recobro anestésico, o doente pode ter alta e sair”, explicou António Ferrão.

Com o método usado anteriormente, a recuperação era muito mais lenta. António Ferrão explicou que era utilizada uma técnica aberta que provocava uma ferida perianal com queixas muito dolorosas para os doentes e que obrigava, posteriormente, a que levassem pontos e que tivessem de fazer curativos naquela zona, uma das mais sensíveis do corpo humano.

Para o Centro Hospitalar do Nordeste também há vantagens pois, embora tenha que adquirir bastantes máquinas para fazer as várias intervenções (uma vez que são máquinas descartáveis), a rápida recuperação do doente, a par com a possibilidade de fazer este tipo de operações em regime ambulatório, tornam o método compensador.

Anualmente, o Centro Hospitalar do Nordeste faz centenas de intervenções deste género pois trata-se de uma patologia muito frequente.

O complexo hemorroidal existe em todas as pessoas mas pode trazer complicações por vários factores. Geralmente, as mulheres são mais afectadas já que se trata de uma das possíveis complicações dos partos. Este tipo de problemas pode ser mais frequente em quem sofra de obstipação ou de alterações do trânsito intestinal.

 

 

15 de Dezembro de 2009

A unidade de AVC (acidentes vasculares cerebrais) do Centro Hospitalar do Nordeste, em Macedo de Cavaleiros, vai ser aumentada. A notícia foi avançada por Henrique Capelas, presidente do Centro Hospitalar, à margem do V Encontro Transmontano das Unidades de AVC, realizado na semana passada em Macedo. À imprensa, Capelas garantiu que, pese embora a falta de financiamento comunitário, a ampliação da unidade vai avançar, dentro em breve.

“Tínhamos um projecto que está em stand-bye, face à dificuldade em encontrar fundos financeiros, mas reanalisamos a situação e decidimos aumentar das oito para as doze camas”, apontou o responsável.

O primeiro projecto para a execução dos trabalhos contempla uma verba de 50 mil euros e já foi aprovado. O segundo projecto deverá ser apresentado em breve e, segundo as contas do presidente, “se tudo correr bem”, a obra deverá estar concluída num prazo máximo de “três a quatro meses”.

Os AVC’s são uma das principais causas de morte no país, com uma média diária de 288 casos. Na região, no entanto, a doença tem uma maior incidência com uma média de 600 casos por ano, num distrito com cerca de 140 mil pessoas.

Números “assustadores”, no entender do responsável da unidade de AVC do distrito, Jorge Poço. 

“O distrito tem uma taxa de incidência muito elevada que pode estar relacionada com o envelhecimento, mas não só já que os AVC’s podem acontecer em qualquer idade”, apontou.

A ampliação da unidade vai permitir dar resposta ao dobro dos casos que actualmente já chegam àquele espaço. Por ano são cerca de 250 os doentes em tratamento e, com a ampliação, prevê-se chegar a, pelo menos, 420 doentes.

“Ainda não é o suficiente”, admitiu Jorge Poço, mas já deixa a região com um rácio doentes/cama “bastante razoável”.

 

Atrasos dificultam tratamento

Desde Janeiro deste ano que o Centro Hospitalar introduziu a chamada “via verde” para os doentes de AVC. A “via verde” permite um atendimento médico mais rápido tendo em conta que as primeiras três horas são fundamentais para a recuperação total do doente.

No entanto, continua a ser “difícil” fazer chegar o doente à unidade de AVC em menos de três horas, por vários motivos, mas sobretudo pelas distâncias entre os concelhos e pelas más acessibilidades.

“Num distrito como o de Bragança, em que temos, por exemplo, Freixo de Espada à Cinta a uma hora e meia de distância, qualquer atraso é o suficiente para inviabilizar o tratamento”, apontou Jorge Poço.

Os sintomas – dificuldades na fala, adormecimento de um dos lados da face e falta de força num dos braços – nem sempre são valorizados, nomeadamente quando se trata de idosos. No entanto, todo o tempo é “precioso”.

Actualmente a média de mortes na unidade de AVC é de onze por cento. A melhor “arma” contra a doença continua a ser a prevenção – feita através de uma boa alimentação aliada a algum exercício físico.

 

11 de Junho de 2009

 

Afinal a médica obstetra que assistiu um parto em Mirandela cuja criança nasceu com paralisia cerebral e uma incapacidade de 95% vai mesmo a julgamento pelo crime de recusa de médico.

Isso mesmo decidiu o Tribunal da Relação do Porto.

Recorde-se que a médica já cumpriu suspensão de noventa dias decretada pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde.

 

Oito meses depois do Tribunal de Mirandela ter decidido não levar a julgamento uma obstetra e uma enfermeira do Hospital local, o Tribunal da Relação do Porto considerou procedente o recurso apresentado pelos pais da criança (Gonçalo).

Por isso, decidiu que o despacho de não pronúncia deve ser substituído por outro que, pelo menos pronuncie a profissional de saúde pela prática de um crime de recusa de médico, diz o despacho do Tribunal da Relação do Porto, alegando que a profissional de saúde tinha a obrigação de estar presente e acompanhar o parto e só o fez mais de meia hora depois, mesmo depois dos pedidos insistentes feitos pela enfermeira, acrescenta o despacho.

Relativamente à enfermeira, o mesmo tribunal considera que não merece qualquer censura o despacho de não pronúncia decidido pelo tribunal de Mirandela.

 

Os pais, Isabel Bragada e Mário Damasceno, consideram que, nos últimos seis anos, esta foi a melhor notícia que tiveram.

“Esta foi uma luz ao fundo do túnel, depois de seis anos de um processo em que já fomos derrotados mas sempre tivemos confiança que a justiça fosse feita” afirma Isabel Bragada acrescentado que “nós sempre consideramos que houve culpa por irresponsabilidade e por negligência porque pôs em perigo a minha vida e a do meu filho por se recusar a ir prestar os cuidados médicos”.

 

A mãe finalmente confessa que tem sido um processo desgastante em termos psicológicos e já não tinham grandes esperanças.

“Neste tipo de casos com médicos a culpa costuma morrer sempre solteira e nós já nem tínhamos esperança de alcançar este patamar” refere Isabel Bragada.

 

Os pais da criança já viram ser arquivada, pelo Ministério Público (MP), há dois anos, uma queixa-crime contra a obstetra e a enfermeira, imputando-lhes responsabilidade penal pelas lesões com que nasceu o seu filho, derivadas do parto, mas voltaram a ter esperança após a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde ter decidido, dois meses depois, suspender, por noventa dias, a médica em causa por considerar que actuou com “desleixo e incúria” no trabalho de parto, ao ter-se ausentado do hospital, para jantar, quando estava em regime de presença física.

 

Perante estes novos dados, em Outubro de 2007, os pais decidiram constituírem-se como assistentes no processo e requereram a abertura da instrução.

Um ano depois, o juiz de instrução criminal do Tribunal de Mirandela decidiu não pronunciar e desta forma confirmar o arquivamento do processo já decidido pelo MP.

A médica em causa (Olímpia Carmo) chegou a exercer as funções de chefe do serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar do Nordeste, mas após cumprir a sanção disciplinar, em Fevereiro de 2008, pediu transferência para o Centro Hospitalar do Vale do Sousa (Penafiel).

Até ao momento, não foi possível obter qualquer reacção a esta decisão, quer pela médica quer pelo seu advogado.

 

Escrito por CIR

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obrigado Cris:)
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