Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
21 de Abril de 2010

Há várias escolas e agrupamentos do distrito de Bragança que estão a implementar no terreno projectos de intervenção contra a violência e o bullying (violência exercida de forma continuada por um mesmo grupo/pessoa sobre uma outra). As medidas, para já, passam sobretudo pela prevenção dos pais sobre estes fenómenos e sobre a forma como devem reagir perante estas situações.

A notícia foi avançada por Luís Martins, responsável do Centro de Área Educativa (CAE), à margem do debate sobre bullying, promovido pela Juventude Socialista de Bragança.

Algumas escolas já estabeleceram regras e colocaram-nas no regulamento interno, um “primeiro passo” de outros processos a “afinar”, como apontou o responsável.

Estas medidas que começam, agora, a ser aplicadas nos vários agrupamentos do distrito surgiram após a realização de um estudo sobre a violência escolar, dinamizado pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste (ACES) em colaboração com as equipas locais de saúde escolar.

Segundo esse estudo, uma em cada três crianças já foi vítima de algum tipo agressão, num total de 36,4 por cento . Em geral, os rapazes são mais vítimas e agressores do que as raparigas. Os recreios são os locais onde acontecem mais agressões, seguindo-se o caminho para a escola, no caso do distrito de Bragança.

As conclusões, apresentadas por Manuela Santos, em representação do ACES, dizem respeito a todos os agrupamentos do distrito de Bragança, com excepção de dois deles. Os 3500 inquéritos foram aplicados nos anos de 2008 e 2009 às crianças do 1º e 2º ciclo.

Perante a dimensão do problema, agora avaliado, várias escolas estão já a tomar medidas que, depois, serão novamente alvo um estudo para verificar se surtiram algum efeito.

 

Famílias e Escolas têm de estar “atentas”

Ainda há poucos casos de violência e de bullying a ser encaminhados para a pedopsiquiatria do Centro Hospitalar. Elisa Vieira, a única profissional da área a cobrir todo o distrito, considera que as escolas deviam orientar estas crianças para o serviço de psicologia escolar que, perante cada caso, entenderia se deveria, ou não, fazer o encaminhamento para a Pedopsiquiatria.

“Chegam-me alguns casos de bullying, tanto de vítimas como de agressores, mas muito poucos”, afirmou.

A especialista pede “mais atenção” aos pais e à própria escola para este tipo de situações que, muitas vezes, ainda são desvalorizadas, conforme notou: “quando os miúdos dizem aos pais que são vítimas de violência, muitas vezes, estes desvalorizam e incentivam as crianças a responder na mesma moeda ou a desvalorizarem. Também os professores, muitas vezes, desvalorizam as situações e dizem que são coisas de crianças”.

Apesar dos “poucos” casos em mãos, (poucos, face aos números apresentados pelo estudo), Elisa Vieira admita já ter acompanhado situações de bullying agressivo em que as vítimas chegaram orientadas pelo serviço de urgência hospitalar. Há ainda os casos de bullying psicológico e até de ciberbullying – violência com recurso à internet. Neste último, a vítima foi filmada a tomar banho na escola, após uma aula de educação física, e o vídeo foi colocado a circular na internet.

A pedopsiquiatra acompanha ainda o caso de alguns agressores que são encaminhados quer pela escola, quer pelo médico de família. Elisa Vieira aponta que, tanto no caso de vítimas como de agressores, são crianças que precisam de ajuda e que sem tratamento e sem orientação dificilmente tratarão o problema.

“Castigar, retirar as crianças agressoras da escola ou mudá-las para outro estabelecimento de ensino, não é solução. Se não houver tratamento nem orientação, a questão continua”.

É que, segundo apontou, geralmente os agressores são crianças que vivem sem grande supervisão familiar e que podem ser vítimas de violência física ou psicológica. Em geral, têm atributos físicos invejáveis no meio em que se relacionam e, por isso, conseguem dominar o grupo.

Já as vítimas, são crianças mais frágeis em termos emocionais e que se submetem. Por norma apresentam fracasso escolar, isolamento, depressão e,  no casos extremos, podem chegar à auto-agressão e ao suicídio.

Elisa Vieira assume que violência “sempre houve” mas, a diferença para os dias de hoje, no seu entender, está em factores como a ausência da família, o facilitismo e a entrega das crianças, por assim dizer, a “amas electrónicas”.

“A família está cada vez menos presente e é cada vez maior o tempo que as crianças passam entregues aos seus jogos, filmes, televisões... Não é factor único para chegar à agressão mas são factores a ter em conta”.

 

Sinais de alerta

Os pais e familiares devem estar atentos também para alguns sinais que as crianças possam dar. No caso das vítimas de agressão, segundo Isabel Parente, assistente social, é frequente que “inventem” desculpas para não ir à escola e que desenvolvam medo e fobia escolar.

Mas também os agressores demonstram indícios, nomeadamente irritação e atitudes hostis para com os pais, familiares e amigos. Por norma não têm aproveitamento escolar e não são alunos atentos.

O diálogo é uma das vias que os pais ou familiares devem utilizar, tanto com vítimas como com agressores e Isabel Parente explica porquê: “tanto no caso das vítimas como dos agressores, são crianças que se sentem abandonadas. A vítima fecha-se em si e não consegue contar o que se passa. O agressor sente-se livre porque ninguém o controla ou se preocupa com ele, sendo a única via a agressão”.

25 de Março de 2010

O corpo de Leandro, o rapaz de 12 anos que se atirou ao rio Tua, em Mirandela, foi hoje encontrado, pela manhã, nas Azenhas do Sadanha - Cachão, Mirandela.

 

Informação em actualização

publicado por Lacra às 09:07
09 de Março de 2010

 O Governo vai dar mais poder às escolas para poderem intervir de forma "mais rápida, mais segura e mais próxima aos pais" em casos de violência, anunciou hoje a ministra da Educação.

Isabel Alçada falava aos jornalistas a propósito do caso de um rapaz de Mirandela desaparecido desde a semana passada depois de se ter atirado ao rio Tua na sequência, alegadamente, de agressões reiteradas por parte dos colegas da escola.

A ministra lembrou que a lei e os regulamentos internos das escolas são muito claros quanto à "inaceitabilidade" de qualquer forma de "ameaça, agressão ou violência" nos estabelecimentos de ensino.

Fonte: Lusa

08 de Março de 2010

 6 sinais de alerta

Os pais têm um importante papel a desempenhar de modo a prevenir esta situação. É sabido que habitualmente os alvos do Bullying possuem uma característica qualquer que a torna vítima fácil.

Nomeadamente, são obesas, com uma qualquer dificuldade de expressão, (por exemplo, gaguez), com tiques, timidez ou demasiado extrovertidos, usam óculos… ou seja de alguma forma o jovem foge aos padrões normativos.

Assim sendo, um pai que tenha um filho com alguma destas características tem de ficar atento para o surgimento de alguns sinais/sintomas de alerta. Assim se o seu filho …

 

É muitas vezes alvo de brincadeiras de mau gosto

Tem alguma alcunha um pouco “maldosa”

Ultimamente recusa-se a ir à escola, sem um motivo aparente.

Perde coisas, ou desaparecem-lhe coisas ou mesmo dinheiro, sem justificação

Não tem amigos

Ultimamente está muito sensível às brincadeiras e reage agressivamente ou chora incontrolavelmente

 

O que fazer?

Não se deve incentivar a criança/jovem vitima a ser a ser assertiva, nem tampouco a desvalorizar o que aconteceu, a manter-se indiferente às agressões. A sua autoestima já está tão destruída que sentir-se-á cada vez mais fracassado.

Há que explicar-lhe que é natural sentir medo e vergonha, mas que deve ser capaz de falar sobre o que está a acontecer para que o possam ajudar. Para além disso, é preciso acentuar que não tem culpa alguma naquilo que aconteceu, já que muitas vezes as vitimas consideram que fizeram algo que despoletou a agressão, pelo que carregam este pesado fardo.

É também importante chamar a atenção dos professores e marcar uma reunião com os pais do agressor, pedindo-lhes ajuda para a resolução da situação. Tanto a vítima de Bullying como o agressor, deverão ser alvo de um acompanhamento psicológico.

A vítima tem necessidade de recuperar a sua auto-estima e livrar-se do trauma que sofreu. Quanto ao agressor, é fácil perceber que um jovem que inflige dor a outro para seu bel-prazer, não pode estar emocionalmente equilibrado.

 

Texto da autoria de Drª Teresa Paula Marques 
Psicóloga Clínica, especialista em Psicologia Infantil e do Adolescente

 

Para mais informações aceda ao site: www.teresapaulamarques.com

consultório no Sapo : http://psicologiacriancaeadolescente.blogs.sapo.pt/


A PSP de Mirandela, que já ouviu mais de dezena e meia de testemunhas no âmbito do inquérito ao caso da criança de 12 anos que terça-feira desapareceu no rio Tua, admitiu hoje que já existem “algumas pistas” do que aconteceu no dia 2 de Março.

“Cabe agora ao Ministério Público (MP) a decisão sobre as próximas diligências no processo”, acrescentou a fonte policial. De acordo com o comandante distrital de Bragança da PSP, Amândio Correia, existem já “algumas pistas” do que aconteceu no dia 2 de Março. O responsável não revelou, no entanto, pormenores por o caso se encontrar em segredo de justiça.
O comandante afirma ainda que a “PSP não sabe quando é o que o inquérito vai estar concluído, já que essa é uma competência do Ministério Público”. Segundo Amândio Correia explicou, a PSP participou os factos ao MP no mesmo dia em que a criança desapareceu no rio Tua. No dia seguinte o MP delegou na polícia a condução do inquérito “para se perceber os contornos do que realmente aconteceu”.
“Já foram ouvidas entre 15 e 18 pessoas entre alunos, professores, família e associação de pais”, disse o oficial da PSP. A polícia tem, segundo disse, praticamente concluído o trabalho que está a ser acompanhado em permanência pelo procurador da República, a quem competirá determinar os próximos passos do processo.
A criança de 12 anos, que frequentava a escola EB 2/3 do agrupamento Luciano Cordeiro de Mirandela, desapareceu terça-feira à hora de almoço no rio Tua, junto ao parque de merendas da cidade, para onde se deslocou na companhia de um irmão gémeo e de primos. O local é distante da escola que já abriu um processo de averiguações para apurar o que “poderá ter ocorrido no recinto da escola antes do sucedido”, segundo avançou fonte do Ministério da Educação.
O comandante confirmou também que “de facto há uma queixa” de 2008 relativamente a uma alegada agressão sofrida pela criança em causa, que a PSP comunicou ao MP, naquela ocasião. O comandante desconhece “qual o resultado” dessa participação.
A PSP de Mirandela registou também no ano lectivo anterior de 2008/2009, “três ocorrências em que foram reportadas agressões e outras tantas já neste ano lectivo a que se soma ainda o furto de um telemóvel”. “São todas situações ocorridas nas imediações, no exterior das escolas”, esclareceu o comandante.
As ocorrências dizem respeito a alunos das escolas do agrupamento Luciano Cordeiro, que integra a EB 2/3 frequentada pela criança que desapareceu no rio Tua, terça-feira à hora de almoço. A escola abriu também um inquérito interno ao caso que se espera “esteja concluído hoje e seja entregue amanhã (terça-feira) à Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), segundo disse o gabinete de imprensa do Ministério da Educação. A criança desaparecida no rio Tua tem sido referenciada como alegada vítima de violência escolar por parte de colegas da escola.

Fonte: Lusa

 


A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens do concelho de Mirandela só tem conhecimento de três casos de violência física na escola Luciano Cordeiro. No entanto, todos eles foram comunicados pela PSP e não pela Direcção do agrupamento.

Apesar dos diversos relatos de episódios de violência física denunciados na última semana pelos pais de alunos da escola Luciano Cordeiro, garantindo que as ocorrências foram comunicadas à direcção do agrupamento, fonte da CPCJ de Mirandela assegura que, dos cerca de 150 casos sinalizados naquela comissão, "apenas 12 pertencem à escola em causa e desses, nove são casos relacionados com problemas familiares e sociais e apenas três dizem respeito a episódios de violência no recinto da escola". Não se sabe se o caso do Leandro está incluído. A mesma fonte revela ainda que os três casos chegaram ao conhecimento daquela comissão através da PSP de Mirandela e "nenhum foi denunciado pela direcção do agrupamento". Leandro ter-se-á lançado ao rio, em desespero pela perseguição de que era alvo da parte de outros alunos.

Estes novos dados e o silêncio dos órgãos da direcção do agrupamento, vêm aumentar a indignação de pais e da própria família do Leandro. "Quando o meu sobrinho foi agredido e teve de ser internado, há um ano, a mãe informou a direcção da escola e a PSP", garante Paula Nunes, tia do Leandro. "Não conseguimos compreender como é possível que ninguém da Direcção do agrupamento tenha dito nada sobre este caso, nem tão pouco têm estado no terreno a inteirar-se das operações de busca", diz Cecília Ferreira, mãe de uma criança da mesma idade e da mesma turma. Os pais do menino continuam sem prestar declarações, mas confessaram aos familiares a "revolta que lhes vai na alma com a situação" e não entendem "como foi possível deixarem sair da escola o Leandro e os outros meninos".

Armindo Pires e Amália Pires (pais do Leandro) são acompanhados por três psicólogos e estão sob vigilância médica. Todos os dias vão ao local das buscas e recebem informações pormenorizadas. Durante o dia, estão na casa de uma amiga, próximo do local das buscas, à noite recolhem a casa, em Cedaínhos.

O Ministério Público deve terminar amanhã o processo de averiguações sobre os acontecimentos que levaram ao desaparecimento do Leandro. Também amanhã, deve estar concluído o inquérito do Ministério da Educação sobre o que se passou no recinto da escola.

 

Fonte: JN

06 de Março de 2010

 O procurador-geral da república afirmou, ontem, ao JN, que entende "necessária uma legislação própria" ao fenómeno do bullying. Pinto Monteiro adianta, que se trata de algo que "sempre o preocupou" mas que "a preocupação não teve grande acolhimento na altura".

Segundo o gabinete do PGR, "a violência escolar não tinha, no Ministério Público, tratamento autónomo e diferenciado de todos os outros tipos de violência, o que só acontece recentemente". Daí a "dificuldades acrescida" em discriminar o número de casos. Porém, há dois anos, houve 160 inquéritos por violência escolar, "admitindo-se que o número seja maior, já que alguns não constam do sistema informático".



 

Fronteira frágil



"Legalmente, os limites estão definidos mas, na prática, é muito difícil estabelecer fronteiras", disse, ao JN, fonte do programa Escola Segura. De acordo com as normas estabelecidas pela parceria entre os ministério da Educação e da Administração Interna aquando da criação da Escola Segura, que envolve todas as forças de segurança, dentro dos muros da escola, "manda o conselho executivo". Contudo, numa faixa de 50 metros à volta do recinto escolar, extra-muros, os responsáveis pela instituição e as forças de segurança partilham responsabilidades.



 

Comunicação de anomalias



"Nestes 50 metros, a direcção pode e deve comunicar aos pais e autoridades qualquer anomalia mas não pode, por exemplo, mover um processo disciplinar aos alunos ou aplicar castigos", referiu a mesma fonte. "Dentro da escola não há dúvidas sobre quem tem a responsabilidade. O problema é nos 50 metros exteriores, onde a escola tem que informar as autoridades e as forças de segurança têm que actuar", frisou o responsável pela Escola Segura.

O problema frequente colocado aos agentes da Escola Segura é a saída do recinto escolar nos intervalos ou antes do final das aulas. "Os pais têm que autorizar a saída e cabe aos porteiros verificar, uma por uma, a autorização de cada estudante". No caso da EB 2,3 Luciano Cordeiro, onde um aluno saiu do recinto escolar, seguido por amigos, o responsável não tem dúvidas: "Legalmente, a direcção pode mover um processo disciplinar aos funcionários responsáveis pelas entradas e saídas do estabelecimento. Também os pais dos estudantes podem, juridicamente, apurar responsabilidades junto da escola".

 

Fonte:JN

05 de Março de 2010

A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) quer que os encarregados de educação sejam responsabilizados pelos actos violentos dos filhos na escola. A proposta já foi entregue ao Governo e prevê sanções que vão desde multas à suspensão dos apoios sociais. São constantes os episódios de violência nas escolas. Muitas vezes sucedem-se perante a indiferença ou o desconhecimento dos responsáveis dos estabelecimentos de ensino. 

 A Confap quer que as famílias passem a ser responsabilizadas pelos actos violentos dos seus filhos. Segundo a proposta já entregue ao Ministério da Educação, a escola fica abrigada a notificar as autoridades competentes. 

Os pais entendem que caberá a um juiz determinar as sanções adequadas. A Confap aguarda resposta do governo. Entendem os pais que a situação que se vive hoje nas escolas portuguesas não pode continuar a arrastar-se no tempo. 
 
Ministério Público investiga pelo menos 160 casos 

 A violência escolar é também uma das principais preocupações do Ministério Público que está a investigar pelo menos 160 casos, mas o número de processos pode ser maior porque muitos ainda não estão registados no sistema informático. 

No ano passado, num inquérito em Bragança, mais de 12% dos alunos do 1º e 2º ciclos admitiram ter sido vítima de violência escolar duas ou três vezes.

Fonte: SIC

04 de Março de 2010

As escolas não actuam devidamente perante situações de bullying e, muitas vezes, ignoram estes casos. O alerta é feito pelos sindicatos de professores que falam na falta de condições para combater o fenómeno, mas admitem que há uma tendência para minimizar a sua gravidade.

Isto quando 42% dos alunos nas escolas lidam com o bullying, como vítimas ou como agressores, revela um estudo da investigadora Sónia Seixas, e se sabe que o Ministério Público investigou no ano passado dez queixas por mês de casos de violência nas escolas.

"A tolerância tem de ser zero. Muitas vezes não há castigos, apenas repreensões para os agressores e o bullying é um fenómeno que está a alastrar. As escolas têm de tomar medidas severas, mas têm de actuar de imediato e não deixar passar", defendeu ao DN Carlos Chagas, secretário-geral do Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep).

Também Mário Nogueira, da Fenprof, é da opinião que uma "punição severa" é importante se o caso assim o exigir, mas diz que tem de haver sempre uma actuação imediata. "Há situações pouco relevantes e nas escolas tenta- -se ver se as coisas passam e, quando dão conta, já aconteceu algo pior", afirma o sindicalista.

Carlos Chagas reafirma que há regras, mas que não são cumpridas: "Quando os agressores são maiores de 17 anos estão sujeitos à lei penal, mas se forem menores há a lei tutelar da educação. Os directores não se podem alhear dos problemas."

Há outra situação que contribui para a falta de eficácia no combate ao fenómeno. Os docentes e auxiliares não têm formação para lidar com estes casos. "A informação é inexistente. Tem de se investir na formação de professores e de pessoal não docente, pois são estes últimos que fazem, muitas vezes, a primeira observação do bullying", diz João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE). E é neste ponto que se pede a intervenção da tutela. "Deve apostar na prevenção, mas este é um fenómeno que vai ser difícil de controlar a curto prazo", completa Mário Nogueira.

O dirigente diz que é preciso simplificar alguns processos: "Primeiro, o aluno tem de confiar na escola e ter a certeza de que algo vai ser feito para o proteger. Depois, os professores não aplicam castigos mais severos porque a burocracia é demasiada." Dias da Silva conclui: "A tomada de medidas contra o bullying tem sido adiada. Nas escolas espera-se que aconteça e resolve apenas a questão do momento. É como atirar o problema para debaixo do tapete."

A falta de preparação das escolas é também apontada pela psicóloga Tânia Paias, que coordena o Portal Bullying, onde se presta ajuda online. "As escolas não estão bem apetrechadas para lidar com estes casos. Estão alerta, mas não têm as ferramentas", aponta. Já a psicóloga Susana Carvalhosa defende que as escolas e o Ministério da Educação devem apostar na prevenção.

 

Fonte: DN


 Leandro Filipe, o rapaz de 12 anos que se suicidou no rio Tua, em Mirandela, já tinha estado internado no hospital, há um ano, depois de ter sido pontapeado na cabeça por colegas de escola. Um entre vários episódios de violência de que terá sido vítima.

Foram infrutíferas as buscas, ontem, para encontrar o corpo da criança de 12 anos que desapareceu nas águas do rio Tua. Mais de uma centena de elementos dos Bombeiros, GNR e PSP, estiveram envolvidos na operação, que se estendeu por mais de 20 quilómetros, entre a ponte açude e a zona da Brunheda.

Quando as buscas forem retomadas, esta manhã, a coordenação da Protecção Civil de Bragança conta já ter o apoio de um helicóptero que possa sobrevoar o leito do rio até à foz.

Enquanto prosseguiam as buscas, confirmavam-se as informações sobre os episódios de violência que antecederam a tragédia, surgindo relatos de outros episódios de violência na escola.

Um primo de Leandro, que assistiu a tudo, confirma que o rapaz voltou a ser agredido na escola e que "saiu a correr" das instalações, anunciando que "ia atirar-se ao rio". Uma prima reforça a tese de que Leandro era vítima de violência na escola. "Ele já tinha sido agredido, há pouco maisd de uma ano, e ficou internado no hospital durante algum tempo", assegura Marisa Nunes.

O JN confirmou, junto de fonte hospitalar, que Leandro deu entrada na urgência do hospital da cidade, em Dezembro de 2008, após ter sido agredido com pontapés na cabeça por três alunos da escola. Ficou internado durante dois dias.

 

Processo de averiguações

Episódios que nenhuma instituição confirma. O Ministério da Educação informou que foi aberto um processo de averiguações para se perceber o que poderá ter ocorrido no recinto da escola. Mas acrescenta que, durante o ano passado, a escola registou apenas duas ocorrências: uma no primeiro período, outra no segundo, e em ambos os casos por injúrias a um funcionário.

A Direcção Regional de Educação do Norte, lamenta "o que aconteceu" e informa que tem "uma equipa no terreno a acompanhar a família e as suas necessidades mais imediatas".

Fonte da DREN acrescenta que se vai "aguardar pelas conclusões do processo de averiguações entretanto aberto pela escola. Seria prematuro comentar a situação sem essas conclusões".

Nem o Conselho Executivo da E.B. 2,3 da Luciano Cordeiro, nem a Comissão de Proteçção de Crianças e Jovens têm registo de casos de bullying na escola.

O presidente da Associação de Pais corrobora, afirmando que nunca recebeu "qualquer queixa dos pais ou de outros elementos da escola" sobre a hipótese deLeandro ser vítima de abusos. José António Ferreira apenas adnmite que há "situações pontuais" de violência. O mesmo responsável acrescenta que "a DREN produziu um estudo relativamente à existência de bullying em escolas da região e esta foi das mais bem classificadas".

 

Fonte: JN

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