Dia-a-dia de um distrito rural, doze concelhos e meia dúzia de pequenas cidades encravadas nas montanhas mais a norte de Portugal
30 de Outubro de 2009

Foi afirmando-se num distrito difícil para o PS, Bragança, onde nasceu há 55 anos, que Armando Vara conquistou espaço no PS. Por aí chegou a deputado. Antes da política foi funcionário da CGD na sua terra natal, Vinhais.

Aconteceu o mesmo, aliás, com José Sócrates, só que em Castelo Branco - e os dois são amigos de há muito. Vara foi eleito deputado pela primeira vez em 1985 e Sócrates, um pouco mais novo (tem 52 anos), na legislatura seguinte, 1987.

Em 1995 o PS regressa ao poder e os dois são nomeados secretários de Estado: Vara da Administração Interna (sendo Jorge Coelho o ministro) e Sócrates do Ambiente (com Elisa Ferreira a ministra). A ascensão de Guterres à liderança do PS (1992) fez-se assente em homens do aparelho como Vara e Sócrates.

A vida (política) começou a correr-lhe mal nos finais de 2000 (era ministro da Juventude e do Desporto). Soube-se aí que, na sua passagem pelo MAI, tinha criado uma fundação de direito privado, mas financiada pelo erário público, para organizar campanhas de prevenção rodoviária, a Fundação para a Prevenção e Segurança. Deixa o Governo no final desse ano, numa demissão muito pressionada por Jorge Sampaio, então PR.

Entre Sócrates e Vara há outro ponto comum no "currículo": são ambos licenciados pela Universidade Independente (Vara em Relações Internacionais, Sócrates em engenharia). E um personagem comum: o catedrático de engenharia António José Morais, actualmente acusado de corrupção por causa de um concurso para a construção de uma central de compustagem na Cova da Beira.

Morais - cuja militância no PS se iniciou na Covilhã, onde também se iniciou a carreira política do actual primeiro-ministro - foi professor de Sócrates em quatro das cinco disciplinas com que este completou engenharia. Antes tinha desempenhado cargos no MAI por escolha de Vara.

Em 2002, o agora arguido do processo "Face Oculta" deixa a política. Torna-se director na CGD. Em 2005 sobe a administrador. Em Fevereiro de 2008, quando para o BCP avança toda a equipa da CGD, torna-se vice-presidente deste banco.

 

Vara acusado de exercer influências

Armando Vara, ex-governante e vice-presidente do BCP, é citado como tendo exercido influências junto do ex-ministro Mário Lino para servir os interesses de um empresário. José Penedos, líder da REN e histórico do PS, também é arguido.

Durante meses, a Polícia Judiciária não largou Manuel Godinho, dono do grupo empresarial de Ovar a que está ligado a "O2 - Tratamento e Limpeza Ambientais SA." e o único dos 13 arguidos do processo "Face oculta" que se encontra detido.

Escutou-o ao telefone e em vigilâncias constatou encontros, um pouco por todo o país, em que aquele empresário tentava resolver problemas de falta de contratos, bem como um contencioso que mantinha com a Refer, relativo a um processo por suposto roubo de carris na linha do Tua, em Macedo Cavaleiros, em que a empresa pública exigia uma indemnização de 105 mil euros.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, a investigação dá como assente que, através de contactos com Armando Vara, Fernando Lopes Barreira (empresário e fundador da Fundação para a Prevenção e Segurança Rodoviária) e Paulo Penedos (advogado e filho do presidente da REN), Manuel Godinho chegou a exercer influências com vista à demissão do presidente da Refer.

No processo, há referências em escutas a contactos de Armando Vara com o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e a um alegado conhecimento do problema por parte do primeiro-ministro, José Sócrates. Há ainda referências à secretária de Estado Ana Paula Vitorino, relutante em destituir o presidente da Refer.

Mas a preocupação principal de Godinho era angariar negócios para as suas empresas. E para tal terá tido um grande apoio de Armando Vara, que lhe apresentou um alto quadro ligado à EDP Imobiliária e abriu portas a outro influente elemento na Galp. Efectivamente, o dono da "O2" teve relações comerciais com estas empresas, através de concursos e consultas públicas, além de importantes negócios com a REN, alegadamente obtidos sob influência de Paulo Penedos, filho de José Penedos - o presidente daquela empresa de capitais públicos, constituído arguido após o regresso de uma viagem a Madrid.

Acreditam os investigadores que Vara terá efectuado supostos favores a Manuel Godinho a troco de uma contrapartida de 10 mil euros em notas. Pelo menos, um tal pedido é descrito como tendo acontecido à mesa de um almoço no restaurante "Mercado do Peixe", em Lisboa, a 23 de Maio passado. Dois dias depois, esta verba terá sido entregue ao antigo ministro do PS no seu gabinete nas instalações do Millennium-bcp, em Lisboa. Seguiu-se uma reunião, na EDP, com um dos contactos angariados por Armando Vara, na EDP. Findo o encontro, o agora administrador do Millennium ter-se-á manifestado agradado com o seu bom resultado.

Entre Vara e Godinho ocorreram mais almoços no "Mercado do Peixe", mas também em Ovar, na casa do empresário, e em Vinhais, terra do antigo ministro. Todos os encontros foram seguidos pela PJ. Neste contexto, o Ministério Público dá como assente que Godinho contactou Vara e Lopes Barreira precisamente para usar a influência, real ou suposta, junto de políticos e empresas públicas sempre para servir os seus interesses.

 

"Afirmo que estou inocente",  diz Armando Vara

Armando Vara, vice-presidente do Millennium-bcp e um dos 13 arguidos da operação "Face Oculta", garante estar inocente. "Fui ontem [quarta-feira] notificado ter sido constituído arguido em processo já tornado público [...]. Afirmo que estou inocente, pelo que aguardo com o maior interesse as provas que as autoridades venham a exibir relativas ao meu envolvimento no processo, o que por certo será efectuado em sede própria", lê-se numa nota interna enviada aos colaboradores do banco. "Esclareço ainda que estou absolutamente convicto de que as actuações que desenvolvi, enquanto titular de cargos públicos e gestor de empresas, se pautaram por rigorosos critérios de ética quer na conduta pessoal quer na conduta profissional, pelo que, estou seguro que a investigação em curso confirmará que as suspeitas levantadas carecem de qualquer fundamento", sublinha. O BCP mantém confiança no administrador.

 

Fonte: Jornal de Notícias e Diário de Notícias

 

publicado por Lacra às 08:26
29 de Outubro de 2009

Margarida Sá Marques, de 36 anos, foi ontem encontrada na cama, morta, seminua e com vários golpes por todo o corpo. A porta aberta da habitação levantou suspeitas aos vizinhos, que entraram na moradia, no centro de Mirandela, tendo-se deparado com o cadáver.

"O corpo apresentava sinais de agressões", começou por dizer ao CM o comandante distrital da PSP de Bragança, Amândio Correia, acrescentando: "Na esquadra de Mirandela já havia relato de episódios de violência doméstica entre a vítima e o seu companheiro". Trata-se de um homem de 50 anos, que não se encontrava na residência que partilhava com Margarida Sá Marques quando os vizinhos foram ver o que se passava. O responsável da PSP contou ainda ao CM "que o casal estava conotado com problemas de toxicodependência e consumo de álcool". "Como temos suspeitas de crime resolvemos entregar o caso à Polícia Judiciária", concluiu o comandante Amândio Correia. Chamada ao local, a PJ ouviu testemunhas, aguardando agora pelos resultados da autópsia.

 

Fonte: Correio da Manhã

28 de Outubro de 2009

Começa já no dia 3 de Novembro mais uma semana dedicada aos caloiros do Instituto Politécnico de Bragança. Este ano, Boss Ac é o cabeça de cartaz de uma festa que custa aos cofres da associação qualquer coisa como 100 mil euros.

Por tradição, o primeiro dia é dedicado às Tunas e aos djs. Já no dia 4 de Novembro é a vez dos Virgem Suta e do dj Pedro Cazanova, duas sonoridades completamente distintas, entre o popular e o pop e o dançável de Cazanova, que prometem atrair diferentes públicos ao pavilhão do Nerba.

Os Makongo actuam no dia 5 de Novembro e devem trazer na bagagem o álbum de estreia “Angolan Kung-Fu”. É também neste dia que se realiza a Final da Mostra de Caloiros, uma divertida actividade que, todos os anos, junta centenas de novos estudantes.

Os populares Quim Barreiros e Leonel Nunes animam a noite de sexta-feira, a 6 de Novembro. É também neste dia que se realiza o desfile dos caloiros pela cidade. À semelhança do ano passado, vão integrar o desfile os pauliteiros de Miranda, os caretos e alguns exemplares de burros mirandeses. Com esta iniciativa a associação pretende dar maior dinâmica ao desfile e mostrar aos novos estudantes algumas características da cultura transmontana.

 A semana encerra dia 7 de Novembro com o baptismo dos caloiros e a actuação de Boss Ac, o cabeça de cartaz da Semana do Caloiro.

Carla A. Gonçalves

 


As apreensões de cannabis no distrito de Bragança aumentaram este ano mais de 1200 por cento. Ou seja, um crescimento 12 vezes superior aos números de todo o ano de 2008.

Segundo o Jornal de Notícias, Bragança é o segundo distrito do país com mais apreensões deste tipo de estupefaciente, apenas ultrapassado pelo distrito do Porto.

Números confirmados à Brigantia pelo Major Pousa, do Comando Territorial da GNR de Bragança.

“Já apreendemos 99 plantas de cannabis sativa, com o peso aproximado de 116,5 quilos. Temos quatro detidos e cinco identificados”, refere, revelando que em 2008 houve a apreensão “de oito plantas com o peso de sensivelmente três quilos”.

Segundo a GNR, poderá haver dois fenómenos que expliquem este aumento

“Podemos estar perante um aumento do cultivo, perante um aumento da eficácias das forças de segurança, uma maior consciencialização das pessoas que leva a que haja mais denúncias, ou a conjugação de todos estes factores.”

Segundo revela o Major Pousa, Bragança e Mirandela destacam-se nas apreensões no distrito.

“Em termos de peso, foi no concelho de Bragança. Em termos de número foi no concelho de Mirandela.”

Relativamente às drogas duras, e apesar de ainda não ter números disponíveis, a GNR de Bragança não tem notado um aumento do consumo relativamente ao ano passado.

 

Fonte: Brigantia

publicado por Lacra às 10:53

 A EDP vai distribuir mais de dois mil castanheiros por 46 proprietários de oito aldeias da área do Parque Natural de Montesinho.. Esta foi a solução encontrada para “indemnizar” os proprietários dos carrascos abatidos em Fevereiro deste ano por uma empresa contratada pela EDP para limpar as zonas arborizadas junto das linhas de alta tensão.

Em conjunto com a Comissão de Baldios, representada por Carlos Fernandes, a EDP acordou indemnizar os proprietários atribuindo-lhes castanheiros, uma árvore considerada mais rentável para os agricultores.

“É um acordo justo”, considerou Carlos Fernandes, que adiantou que os proprietários vão receber árvores em função da área afectada.

Esta situação teve origem na limpeza de zonas arborizadas junto das linhas de alta tensão – uma situação que resulta da aplicação da lei que obriga à criação das chamadas faixas de gestão de combustível para a prevenção de incêndios.

No caso de Terroso, segundo o responsável da EDP Distribuição, João Torres, o erro foi da empresa contratada para fazer o serviço. No entanto, a EDP estabeleceu já um protocolo com o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade no sentido de assegurar as melhores práticas na execução destas actividades.

É que, nos próximos três anos, a EDP vai investir cerca de 15,2 milhões de euros para intervir em mais de 22 mil quilómetros da rede área de Alta Tensão e de Média Tensão, a realizar nos territórios do Sistema Nacional de Áreas Classificadas, incluindo o Parque Natural de Montesinho. O investimento contempla ainda a criação de mais de 2500 quilómetros de rede de faixa de gestão de combustível, bem como em acções de manutenção.

A rede de faixas de gestão de combustível visa a gestão ao nível do solo de forma a garantir a protecção das infra-estruturas e a redução das condições de ignição e propagação de fogos.

Por sua vez, a manutenção das faixas de protecção das linhas áreas de Alta e Média Tensão visa assegurar que a distância entre as árvores e as linhas se mantém dentro dos valores regulamentares.

Carla A. Gonçalves

publicado por Lacra às 10:52
27 de Outubro de 2009

As máquinas não param, dia e noite, para cumprir os prazos estabelecidos. Camiões atravessam, um sem número de vezes, as sinuosas estradas onde decorrem os trabalhos da barragem do Baixo Sabor. Actualmente encontram-se a trabalhar no local cerca de 600 pessoas que desenvolvem trabalhos de desvio do leito do rio. Ao mesmo tempo desenvolvem-se trabalhos para a construção de dois túneis que vão captar a água até à central onde serão instalados os equipamentos de produção de energia. Em Novembro o túnel de desvio deverá estar concluído e no próximo Verão o rio Sabor já não passará pelo seu leito natural. Nessa altura devem estar em construção os blocos de betão da barragem e o paredão, com 120 metros de altura.

No pico de obra, em 2011, estima-se que estejam no local quase duas mil pessoas a trabalhar. No final das obras, ficará tudo submerso, numa imensidão de água que se vai estender até à ponte de Remondes, em Mogadouro.

O investimento da EDP é de 120 milhões de euros ao qual se acrescentam ainda o reforço da potência da barragem de Picote, em Miranda do Douro, e da barragem de Bemposta, em Mogadouro, bem como a de Foz Tua, em Mirandela. No total são mais de 3500 postos de trabalho que vão ser criados na região, atingindo mais de 300 empresas.

António Mexia, presidente da empresa, considera que esta fase de construções de empreendimentos hidroeléctricos só teve paralelo nos anos 50, constituindo assim uma “oportunidade única”. Por isso, Mexia quer com o seu grupo encontrar, nesta nova fase, uma forma de “compensar” as populações por períodos superiores aos da construção da barragem. Uma “nova visão” em que Mexia quer que a EDP deixe de ser “mecenas” para passar a “parceira”.

“Somos a empresa que mais megawatts está a desenvolver em toda a Europa e queremos fazê-lo de forma integradora”, afirmou num evento, promovido pela EDP, em Torre de Moncorvo, ontem, e no qual participaram autarcas, empresários e muitos outros convidados.

António Mexia quer “contribuir para que as pessoas tenham mais-valias das barragens”, mas a população local gostava era de ver baixar o preço da electricidade. O presidente da EDP recusa a ideia de haver  diferenças tarifárias no país até porque defende “as mesmas condições para todos”, mas adianta que a empresa vai apostar na “pedagogia” e no reenquadramento tarifário bem como nas medidas de eficiência energética. 

Ainda assim, segundo Mexia, toda esta vaga de construções de empreendimentos hidroeléctricos irá permitir, no futuro, “estabilizar os preços” já que haverá menos dependência externa.

A EDP destacou ainda o investimento social que tem vindo a fazer na região, como seja através do programa “EDP Solidária Barragens”, um programa de apoio a projectos de solidariedade social promovido por instituições da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, na zona de influência das barragens de Bemposta, Picote e das futuras Baixo Sabor e Foz Tua, ou do “Energy Bus”, um autocarro expositivo que tem vindo a percorrer aqueles concelhos.

No evento promovido pela EDP foram ainda assinados três protocolos diferentes com três instituições, um deles com a Fundação Calouste Gulbenkian e a Escola de Música do Conservatório Nacional para a expansão do modelo de Orquestras Juvenis Geração às regiões da área de influência das novas barragens.

A EDP está ainda a desenvolver os estudos para a alternativa de mobilidade à Linha do Tua que, com a construção da barragem de Foz Tua, ficará com 16 quilómetros submersos.

A empresa está também a desenvolver estudos com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para avaliar o impacto da barragem no clima do vale do Tua e na agricultura.

Futuramente deverá também ser criada uma Agência para o Desenvolvimento que tenha capacidade de criar dinâmicas e atrair investimento para a região.

Carla A. Gonçalves

 

24 de Outubro de 2009

Considerado um dos melhores escultores portugueses, João Cutileiro mostra em Bragança duas das suas facetas menos conhecidas: a fotografia e o desenho.

São cerca de trinta peças, a preto e branco, de grandes figuras das artes e letras que ocupam toda a primeira sala do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais.Vieram directamente das paredes de sua casa e são o “registo espontâneo de uma geração onde sobressaem os retratos de amigos e familiares”. Ali estão Maria do Céu Guerra, o pintor Vieira da Silva ou a escritora Doris Lessin, prémio Nobel da Literatura. A primeira vez que foram expostos foi na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, em 1961. Daí até aos dias de hoje saíram apenas umas quatro vezes. Mas os comissários responsáveis quiseram destacar também o fotógrafo João Cutileiro, como explicou Jorge Costa.

"A fotografia sempre acompanhou o trabalho dele, desde cedo. Aliás, ele sempre procurou formas que acelerassem o processo criativo, mesmo na escultura, e a fotografia permite-lhe isso mesmo".

Cutileiro revela que, de facto, não foi a primeira vez que escolheram fotografias, mas adianta que “é raro”.

No piso superior as esculturas ocupam o espaço central enquanto que a figura feminina ocupa as paredes, quer nos quadros de diorito negro, quer nos desenhos a tinta da china.

Inspirado nas Vénus de Boticelli ou nas Majas de Goya, Cutileiro reinterpreta o corpo feminino a tinta da china e depois faz o mesmo exercício em grandes e pesadas placas de diorito negro polido, onde trabalha os traços lineares com as ferramentas que ele próprio introduziu na Escultura. Ao transpor para a pedra as mulheres projectadas no papel, Cutileiro faz o exercício de aproximar o Desenho da Escultura, área em que foi um verdadeiro revolucionário.

João Cutileiro será sempre recordado pelo famoso D. Sebastião, uma estátua colocada em Lagos, mandada fazer na década de sessenta. O artista, rompendo com todas as normas, criou uma representação real de D. Sebastião a quem a feição de boneco articulado retira qualquer heroísmo. Mas esse realismo é a grande marca de Cutileiro.

As arvores e os pássaros que ocupam o Centro de Arte não são mais do que isso, representam o que são em esculturas feitas através de vários blocos de granito e de pedras que diferem na sua textura e assimetrias.

O mesmo se passa com os guerreiros colocados na entrada da exposição e feitos de paralelepípedos desiguais, placas perfuradas ou outras matérias residuais, reinventadas por Cutileiro.

Até 10 de Janeiro de 2010 este “mundo” artístico de João Cutileiro está aberto a todo o público. 

Carla A. Gonçalves

 

23 de Outubro de 2009

 A Autoridade para as Condições de Trabalho é “inoperante” e “ineficaz” – as acusações são de José Brinquete, dirigente local do PCP, que diz ter conhecimento de vários casos de trabalhadores com queixas contra este serviço.

O caso mais recente, divulgado publicamente, é o de seis trabalhadores do Centro Hospitalar do Nordeste que dizem ter alertado, em 2003, a ACT para determinadas irregularidades e que ate hoje não receberam qualquer resposta. Também José Brinquete exemplificou que ele próprio esperou três anos por uma resposta a uma situação concreta e que quando a resposta veio indicava apenas que tinha havido uma mudança de responsável.

O dirigente comunista afirma “aquilo que toda a gente sabe”: “os trabalhadores aqui têm medo de se queixar porque não há garantias de actuação ou sigilo”.

Segundo contou, são vários os trabalhadores que receiam apresentar queixa à Autoridade do Trabalho por falta de sigilo e que dizem até que a primeira medida é a de informação ao patronato.

“Temos conhecimento de um caso em que um trabalhador fez queixa e mais tarde foi chamada pelo patrão para que fosse retirar a mesma queixa”, acusaram.

O PCP está por isso a ponderar pedir uma audiência aos responsáveis da ACT para clarificar esta situação mas alertam já que “há um longo caminho a percorrer no sentido de desmontar este medo instalado e dar confiança aos trabalhadores”.

José Brinquete considera ainda que muitas destas situações poderiam ser evitadas se, por exemplo, as autarquias do distrito não recorressem à politica de contratação externa de serviços.

“Muitas autarquias do distrito encomendam a contratação externa de serviços a empresas onde a prática dominante é o trabalho precário e sem direitos”, apontaram.

José Brinquete garante que o PCP estará “atento” a todas estas situações, comprometendo-se a “lutar pelos direitos dos trabalhadores e pelo bem-estar das populações”. O alento é dado também pelos resultados das eleições legislativas e autárquicas. O PCP considera que houve, a nível legislativo e autárquico, um “crescimento muito positivo”.

Nas eleições eleitorais para a Assembleia da República a CDU cresceu 30 por cento, em relação a 2005. Nas autárquicas, a CDU está agora representada em cinco das doze Assembleias Municipais – Bragança, Macedo de Cavaleiros, Vila Flor, Mirandela e Vinhais – e nas Assembleias de Freguesia de Macedo do Mato, Bagueixe, Peredo, Santa Comba da Vilariça e Edral.

 


 O vinho Montes Ermos, engarrafado pela Adega Cooperativa de Freixo de Espada à Cinta, está a ter uma saída no mercado superior à esperada. Desde Agosto que o vinho branco está esgotado, assim como vinho rosé, restando apenas o tinto.

José Santos, presidente da Cooperativa, assume que a procura tem sido superior à que era esperada havendo mesmo situações em que tem sido impossível satisfazer o mercado, situado maioritariamente na área do Grande Porto.

“Estamos a vender tudo aquilo que embalamos e tudo aquilo que nos sobra do vinho generoso sem qualquer dificuldade”, contou.

A campanha deste ano já iniciou e ficou marcada por uma quebra na ordem dos 35 por cento. Ao todo serão produzidos cerca de 1,5 milhões de litros, menos 500 mil que no ano passado. Também relativamente ao vinho generoso houve menos quantidade, embora em parte devido às restrições impostas por lei pelo Instituto de Vinho do Porto.

Mas se a produção foi mais baixa, a esperança é que a qualidade seja muito superior à do ano passado e idêntica à de 2007, considerado um ano de “alta qualidade”.

Espera-se que o vinho branco de 2009 possa estar colocado no mercado em Fevereiro de 2010. Já o vinho tinto estará no mercado em Junho de 2010.

Esta procura do vinho produzido pela Adega Cooperativa tem levado muitos agricultores a plantarem mais vinha em detrimento de outras culturas. Segundo o dirigente, durante muitos anos circulou a “ideia” de que os vinhos de consumo da adega não seriam bons para engarrafar devido à alta graduação. No entanto, o sucesso da aposta da Adega serve agora, no entender de José Santos, como um “incentivo” aos agricultores para se dedicarem ao plantio da vinha.

“Hoje os agricultores estão a plantar castas mais apropriadas ao vinho de consumo e a apostar nesta cultura porque é o produto que aqui tem maior rentabilidade”, considerou.

O sucesso dos vinhos de mesa do Douro tem sido tal que há já várias firmas internacionais a procurar instalarem-se na zona entre Barca d’Alva e Freixo de Espada à Cinta.

A Adega Cooperativa, com cerca de 700 associados no que diz respeito à área vitivinícola, necessitava agora de ver aumentar o número de produtores de forma a poder dar resposta às solicitações do mercado.

Para além do vinho, recorde-se que a Adega contempla agora também os produtores de amêndoa e azeite que faziam parte da extinta Coopafreixo, adquirida no ano passado.

A compra ditou que a Adega ficasse com uma dívida que tem vindo a amortizar e que, neste momento, é de 900 mil euros. No entanto, José Santos garante que, apesar dos encargos financeiros, não tem existido qualquer tipo de consequências para os agricultores que estarão a ser pagos a tempo e horas.

Carla A. Gonçalves

21 de Outubro de 2009

 

Desfazer e voltar a construir com os mesmos materiais – parece impossível, mas não é. Chama-se bio-construção e, embora o conceito seja novo, assenta nas mais antigas técnicas usadas pelos antepassados na construção de casas. O conceito aposta no uso de materiais sustentáveis, que possam ser reutilizáveis e que tenham um baixo impacto no meio ambiente e nas próprias pessoas que habitam as casas.

Vera Schmidberger é uma adepta deste conceito. Arquitecta de formação, Vera esteve ligada ao Centro da Terra, uma associação que estuda e difunde estes métodos de construção. A maioria das casas portuguesas referenciadas em estudos ligados a este tema apontam para construções do género na zona de Aveiro mas não em Trás-os-Montes. Foi, por isso, uma surpresa quando Vera constatou que a casa de família que pretendia reconstruir, estava assente em materiais como barro, areia, saibro, madeira e cal.

“Julgava que ia ser muito difícil mexer nestas paredes mas afinal são completamente recicláveis. Tenho aprendido imenso, os métodos de construção são muito sólidos e muito bem feitos”, contou.

Há dois meses a trabalhar na obra, Vera conta que tem dado uso a praticamente todos os materiais, desde a pedra às madeiras. Surpreendida com o uso do barro na antiga casa dos sogros, Vera colocou-se no terreno e cedo descobriu o antigo forno de telhas e o local onde era retirado o barro. A arquitecta descobriu ainda várias outras construções no Planalto Mirandês que usavam adobes e taipas (terra compactada), pese embora não haja estudos que façam referências disso.

Ainda assim, foi com facilidade que Vera encontrou quem ainda se lembrasse de ver fazer adobes e que até soubesse como eram feitos à “moda antiga”: “tinham eiras onde, com recurso à tracção animal, pisavam o barro para que incorporasse a palha e ficasse uma massa. É como se faz em qualquer parte do mundo”.

Vera queria usar adobes na reconstrução e deitou mãos à obra, literalmente. Depois de encontrar barro e areia, procurou palha ceifada, à maneira antiga também. Arranjou-a na aldeia, num antigo estábulo onde esteve mais de 30 anos. Fez algumas experiências para testar o traço e a resistência e procurou alguém que estivesse interessado em ajudá-la a produzir uns milhares de adobes. Manuel, agricultor de profissão e ainda familiar da arquitecta, quis aprender e disponibilizou-se a ajudar. Numa “cortinha” emprestada, perto da casa em reconstrução, deram início ao fabrico de adobes. A maioria deles foi fabricada no Verão, já que a secagem tem de ser feita ao sol.

Essa é aliás a grande diferença entre os adobes e os tijolos – é que o adobe seca ao sol, o que permite manter as características de absorção do barro e permite a sua reutilização. Quando o barro é cozido deixa de ser reutilizável e de absorver a água.

Outro dos materiais de baixo impacto a utilizar são as argamassas à base de cal hidratada, areia e argila.

Em nenhuma das fases de construção está pensado o uso de materiais como cimento, ferro ou tijolos, com uma única excepção. Vera acedeu a colocar uma cinta de betão no cimo das paredes, por uma questão de segurança: “as paredes ficam melhor consolidadas e o peso da cobertura é melhor distribuído”.

A concessão feita pela arquitecta é a “prova” que não é uma “fundamentalista”, como explicou.

Nada contra o betão ou o cimento, Vera aponta apenas o dedo ao “abuso” com que estes materiais têm sido usados na construção e levanta dúvidas quanto ao tempo de vida dos mesmos, já que têm pouco mais de cem anos de utilização.

“Estamos a gastar tudo quanto temos sem pensar em quem vem a seguir quando há pequenas coisas que podem fazer toda a diferença ao nível da qualidade de vida humana e da própria sustentabilidade do planeta”.

Outro dos problemas que preocupa a arquitecta é o impacto que estes materiais têm no meio ambiente e até na saúde das pessoas. O cimento, por exemplo, é queimado a temperaturas muito mais elevadas que a cal, enquanto que o ferro é uma matéria-prima de elevado custo e não renovável.

Mas não só, a cal, além de não necessitar de tanta energia, é um material que, depois de aplicado nas paredes, absorve o CO2. Já os adobes têm uma capacidade de armazenamento térmico incomparável aos tijolos. Ou seja, com pequenas mudanças de atitude é possível preservar o meio-ambiente e poupar, a longo prazo, na factura energética. 

No entender de Vera estamos a criar graves problemas ambientais porque temos atitudes incorrectas. Ao mesmo tempo, há estudos que indicam que há materiais que são correntemente usados na construção de hoje em dia e que podem ter influência no aparecimento de doenças respiratórias.

Por isso, a sustentabilidade “começa na concepção”.  “Começa por pensar nas pessoas que vão viver nas casas e que não devem estar sujeitas a respirar formol e outros componentes químicos”.

Mas, hoje em dia, raras são as casas que não levam na sua construção ferro, betão, cimento, esferovite, entre outros materiais. E quando são necessárias intervenções ou reconstruções neste tipo de casas, “sobra apenas lixo”.

Em Portugal, e no Nordeste Transmontano em particular, ainda haverá muita resistência à construção sem recurso a cimento ou a betão armado. Vera admite mesmo que essa é uma das grandes dificuldades. Mesmo o responsável da obra, Ramiro, mostra alguma resistência aos “métodos” de Vera.

A trabalhar há 39 anos, Ramiro está, pela primeira vez, a trabalhar numa obra em que não usa maioritariamente o cimento, betão e ferro.

“É mais ou menos a mesma coisa que construir com os materiais actuais, mas o cimento seca mais rápido e com estes materiais há sempre o receio de não deixar a estrutura segura”, explicou.

Ainda assim, Ramiro salienta que o resultado final será muito melhor, sobretudo ao nível do isolamento térmico.

Vera já se contenta com esta “primeira conquista” pois, segundo afirma, não tem sido fácil alertar para os problemas que podem advir do mau uso de inúmeros materiais fabricados a partir do petróleo e de outras matérias.

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